sexta-feira, 20 de abril de 2012

Lo-Debar nunca mais


         Minha irmã perguntou-me se eu já ouvira falar em Lo-Debar.
         Eu informei que sim, pois havia terminado recentemente de ler os Livros de I e II Samuel. Todavia, há mais para se falar desta cidade, cujo significado é “Sem pasto” do que se pode imaginar.
         Historicamente, é um local em Gileade (2Sm 17:27), onde Mefibosete, filho de Jónatas, viveu (cap. 2Sm 9:4, 5).
         Mefibosete, era neto do Rei Saul, portanto advinha de família real. Era aleijado de ambos os pés desde os cinco anos, vivia esquecido, talvez vivendo de favores.
         Sem pasto...  A Bíblia fala muito em pastor, ovelha e pasto.
         O dicionário nos ajuda a definir pasto como “a vegetação utilizada para a alimentação do gado e por extensão o terreno onde o gado é deixado para se alimentar”.
         Uma pessoa sem pasto é uma pessoa sem fonte de subsistência, sem teto e sem chão.
         Além de Mefibosete encontrar-se esquecido, o fato de ele ser aleijado, certamente o fazia alvo de escárnio e desprezo. Numa época em que o vigor físico era cultuado, onde o homem admirado era aquele que partia para guerra, como fizera seu pai e avô mortos em batalha, fazia com que aquele jovem se sentisse no  mínimo um inútil.
         Entretanto, o grande Rei Davi lembrou-se da promessa feita ao amigo Jônatas e mandou pegar o rapaz em Lo-Debar e lavá-lo para Jerusalém, a cidade real.
         A partir daquele momento, o jovem esquecido passa a conviver no palácio e comer à mesa do rei, como um dos seus filhos.
         Quantas pessoas estão esquecidas em Lo-Debar! Quantas pessoas se sentindo inúteis e sem pastos... quantas pessoas não atendem ao convite real... quantas pessoas já se acostumaram com o desprezo, com a injúria... quantas pessoas achando que suas vidas nunca mudarão...
         Há um lugar chamado Jerusalém.
         Nunca desista de seus sonhos. Se é um curso que você quer fazer, se é um emprego que você procura, se falta uma família ou harmonia nela, se é a saúde que está debilitada, se é a própria vida que não faz sentido, há uma cidade cheia de oportunidades esperando por você.
         Mas também é crível, que tudo na vida é passageiro, mas ainda assim há uma Nova Jerusalém, onde o rei está com a mesa posta esperando por mim e por você.
         Lo-Debar nunca mais! Eu parto para Nova Jerusalém.
         E você... vai continuar no esquecimento ou vai caminhar em direção a uma nova expectativa?
Carlos Alberto de Oliveira
                                                         20/04/2012  

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Somos todos índios



             Somos todos negros, brancos, índios, pardos e amarelos. Formamos uma miscigenação que constitui o povo brasileiro.
            Ninguém pode afirmar com certeza se na sua formação existe ou não uma gota do sangue de um dos grupos étnicos que formou o nosso povo.
            Infelizmente, o termo índio caiu no preconceito para indicar uma pessoa que não sabe conviver em sociedade e que tem hábitos matutos ou estranhos.
            Entretanto, percebemos que quem não consegue conviver em sociedade e ainda degrada o meio em que vive é exatamente quem se julga civilizado.
            Que civilidade é essa que o lixo vai para o esgoto, o saco de pipoca e o palito de picolé são jogados no asfalto, os plásticos são jogados nos rios, restos de alimentos e de animais jogados no mato?
            Que civilidade é essa que prende os pássaros em gaiolas, fixa as borboletas em quadros, amarra os animais com cordas e correntes, mata espécies indefesas pelo simples fato de colocar um troféu na parede?
            Que civilidade é essa que todos querem ser chefe, todos querem mandar, ninguém obedece ninguém, todos são caciques e os curandeiros invocam seus deuses para aumentar suas contas bancárias?
            O verdadeiro índio vive em harmonia com a natureza, preserva os recursos naturais e reconhece que a terra, a água, o ar são mais do que elementos mágicos, são partes essenciais da própria existência.
            Aos índios, aos aborígenes, parabéns pelo seu dia; aos índios do asfalto e que estão em carros com descargas poluindo o ar ou que estão emitindo poluentes que destroem a camada de ozônio, meus pêsames, pois se assim continuar, seremos uma raça em clara extinção.

Carlos Alberto de Oliveira Betinho Índio do Brasil


sábado, 14 de abril de 2012

Jesus de calça jeans


       Se Jesus nascesse hoje, provavelmente não seria diferente.
            Certamente seus pais não encontrariam vaga nas maternidades públicas e nem teriam condições de procurar uma da rede privada. Na correria, talvez Jesus nascesse num porão ou até mesmo dentro de uma viatura policial, como geralmente tem acontecido.
            Maria não teria chá de panela, mas muitas amigas lhe dariam presentes e, quem sabe, alguns representantes governamentais ofereceriam à família alguns desses projetos como bolsa família ou coisa parecida.
            Jesus na escola talvez fosse chamado de nerd e poderia até sofrer bulling por conta de sua intelectualidade. No conselho de classe, antes da reunião, os professores ficariam maravilhados com a aprendizagem do menino Deus e ouviria dele reflexão dos assuntos da atualidade e do governo celeste.
            Jesus na sua juventude não andaria em patotinha nem faria parte de grupo de pixadores, pois os seus objetivos não eram compartilhados pelos demais jovens. Mas começaria a formar um grupo de interesses com jovens da periferia.
            Talvez fosse um jogador amador de futebol e se especializaria nas paradinhas antes do pênalti e dominaria com desenvoltura a bola, pois tudo que se dedicava era brilhante. Parábolas nesta idade ainda não era seu forte, mas parar a bola no peito e chutar de bate pronto faria a galera vibrar.
           Quando inicia seu ministério na era da informática, suas mensagens e pensamentos seria retransmitido em todas as redes sociais, de modo que se tornaria uma pessoa popular, mas invejado pelos  hackers, pelos blogueiros e outros que não tinham a penetração na mídia que o jovem galileu. Por que não jovem brasileiro? Porque ele deveria nascer em Belém da Judéia?
            Iria conseguir fazer manobras radicais no windsurf e chegaria a surfar sem prancha. Irado!
            Mas o fato é que suas idéias cada vez mais ultrapassariam fronteiras. Andaria de cidade em cidade para pregas as novidades.
            Desafiaria a medicina com seu método de cura, deixaria boquiaberto os políticos pela sua filosofia de amor e incomodaria governos pela sua mensagem de liberdade, igualdade e fraternidade.
            Muitos talvez pensassem que ele queria fundar um novo partido, dar golpe de Estado ou até mesmo instituir uma nova ordem mundial.
          Criticaria a situação da África e países pobres onde as pessoas morrem de fome e vivem em situação desumana, em detrimento dos países que esnobam seus recursos e não vêem a situação alheia.
            Criticaria os juros abusivos, o sistema de saúde falho em que crianças e idosos morrem em macas e ainda desaprovaria o comércio das igrejas que negociam salvação em nome do Pai..
            Quem sabe iria ser preso por policiais truculentos, sem mandado de prisão, na calada da madrugada e (se fosse na época da ditadura deportado ou morto sem que anunciasse o fato) não teria seu direito ao silêncio respeitado e ainda o espancaria, em franca desobediência ao Princípio da Inocência até que se comprove o contrário?
            Denunciado por diversos crimes, falsas testemunhas se levantariam, o juiz parcial lhe negaria o Habeaus Corpus e nem a Defensoria Pública iria aceitar defendê-lo.
            O júri comprado iria combinar a decisão, ainda que as provas não fossem contundentes e hábeis para proferirem resultado condenatório.
            Se nascesse no Brasil, não seria condenado a pena de morte, mas iria ser morto numa rebelião no presídio e colocado numa cruz pelos comandos e facções, que atenderiam aos desejos das mesmas pessoas que incitaram sua prisão e condenação.
            Se estivesse num país mulçumano, seria condenado à morte como foi Pastor Yousef Nadarkhani, no Irã. Motivo: ele é cristão. Até hoje não se sabe se a sentença foi executada ou não.
            Muitas pessoas iria zombar de Cristo, cuspir nele e pedir que libertasse a si mesmo, ou que recorresse ao STF – Supremo Tribunal Federal  ou ao STC – Supremo Tribunal Celestial.
            Todavia, ele resolveu passar por toda injustiça por amor a mim, a você e a todos que o aceitarem como único salvador de suas vidas.
            Fenômenos meteorológicos antes jamais vistos e explicados aconteceriam durante sua morte... quem sabe todo sistema de comunicação seria afetado, prejudicando os sinais de transmissão de dados, causando pane nos satélites, a ponto de deixar o mundo sem transmissão de TV, de rádio, de internet... muitos acreditariam que o réu era inocente e que de fato se tratava do filho de Deus.
            Seu caso seria manchete em todos os jornais e mais ainda após o terceiro dia de sua morte em que muitas testemunhas iriam comprovar a sua ressurreição.
            Se alguns acham que Elvis não morreu, outros afirmarão que Jesus continua vivo em seus corações e que viverão para pregar suas palavras e viver seus ensinamentos.
            Mas ainda assim, mesmo com o reconhecimento da injustiça praticada sob falsos argumentos jurídicos, governos levantarão em perseguição aos pequenos cristos que se multiplicarão e anunciarão suas mensagens até aos confins da terra.
            Muitos se levantão dizendo ser o Cristo, muitos dirão que ele voltou e apareceu ali e acolá, muitos peregrinarão à terra santa a sua procura, mas como ele mesmo disse: voltarei, mas só o Pai sabe o dia e a hora.
            Tão somente vivamos como se ele fosse voltar hoje, pois quando isso acontecer, todos os jornais informarão em edição especial... mas isso nem será preciso, pois todos os olhos o verão, toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor.
            E você? O que faria se Jesus  batesse agora na sua porta pedindo um copo d`água? E se batesse na porta de seu coração pedindo guarida? Pois saiba que ele vive é quer fazer parte da sua vida e morar eternamente no seu coração.
            Crê você nisso? Então abra a porta e deixe-o entrar.

Carlos Alberto de Oliveira
14.04.2012

terça-feira, 10 de abril de 2012

Político – sal e luz




 Vivemos uma época em que a política alcançou um nível de descrença jamais visto. O povo está desiludido, sentido-se esquecido e abandonado e sem perspectiva.
  A culpa é genérica, envolvendo os políticos que não deram a atenção ao povo e do povo que não soube escolher bem seus representantes.
  Há uma figura que retrata bem o político ideal e que daria uma nova esperança na relação representante e representado: a figura do sal e luz.
  É bem verdade que essa metáfora já foi usada anteriormente em outro contexto, mas tem-se a clara aplicação no campo em que refletimos e cabimento perfeito para os dias atuais.
  O sal não é só um tempero, mas também um conservante.
  Enquanto tempero, o sal faz a diferença onde é colocado, pois ele dá um toque a mais no sabor, sendo agradável quando usado na medida certa.
  Usado como conservante, ele preserva o alimento, detém a decomposição, age como antisséptico, de modo que os germes latentes possam ser neutralizados ao contato com ele.
  É isso que precisamos ver nos políticos: Alguém que faça a diferença, temperando o ambiente e dando um sabor agradável no desempenho de suas funções.
 Mais ainda: o político comprometido é aquele que preserva a instituição, não concorda com a decomposição moral, servindo de neutralizador de ações daninhas ao erário público.
  O sal quando não presta deve ser jogado fora. O político que já atua ou que queira atuar também deve passar pelo crivo da serventia. Daí a necessidade de se acompanhar quem exerce cargo público eletivo ou não e também ver a vida pregressa, as ações e as propostas dos que se oferecem para ser representante do povo.
  E se a luz não brilhar? De que adianta um político que não brilha, que não faz a diferença, que se esconde debaixo da lata de lixo, ou seja, que se omite, que deixa de ser útil, que não cumpre a função pela qual lhe foi destinada?
  A luz tem de estar em posição estratégica, só assim ela pode dissipar as trevas, manifestar-se através de atos reais de serviço. Assim deve ser o bom político: influenciar através de sua luz, levando esperança a todos que almejam uma luz no fim do túnel.
  Se queremos novos padrões morais que sejam purificadores e que iluminem o serviço público nas mais diversas esferas, temos de arregaçar as mangas, tomar atitude de cidadão e no tempo presente escolher representantes do legislativo e do executivo que  que ajam como sal, como luz.
  Caso não queira ou não possa ser diferente, salgar e iluminar, o político não serve para governar, não serve para representar... não serve para ser político... não serve para servir!

Carlos Alberto de Oliveira

sábado, 7 de abril de 2012

A educação nossa de cada dia



  Há três grandes áreas em nossa sociedade que deveriam ser reconhecidas: educação, saúde e segurança. Não que as demais não sejam importantes, mas estas são primordiais para uma sociedade.
  O policial expõe sua própria vida; os médicos e enfermeiros salvam vidas e o professor colabora para a formação e educação dos cidadãos. Educam para a vida!
  A pergunta é: que país queremos para nossos filhos? Qual a educação que estamos dando hoje aos que conduzirão amanhã nosso país?
  Uma educação de qualidade passa pelo reconhecimento do profissional, tanto no que se refere à remuneração digna, quanto equipar as escolas com estrutura que facilite o processo educacional.
  Mas o que temos visto nos últimos anos é uma completa desvalorização do profissional da educação. Compromissos não são cumpridos e ações cada vez mais daninhas são tomadas em detrimento dos professores e dos auxiliares da educação.
  Para ter sua voz ouvida, o professor tem de estar em permanente estado de greve. Agora mesmo ocorreu uma paralisação do pessoal da educação municipal para cobrar além do reajuste salarial, diversos outros pontos já conquistados pela iniciativa privada.
  O professor às vezes tem que se virar nos trinta com a falta de recursos, com prédios com diversos problemas elétricos, hidráulicos e, não raro, com infiltrações ou água que retorna do esgoto.
  Após lutas, o professor municipal conta com extensão da licença aleitamento até a criança completar nove meses / licença paternidade de um mês. Reivindica mudanças no difícil e dificílimo acesso; garantia do abono de ponto para os dias parados; pagamento dos salários até o quinto dia útil do mês subsequete ao trabalhado.
  Precisamos reconhecer a importância da educação e isso deveria começar pelo Estado enquanto empregador e a sociedade enquanto usufrutuária da educação, afinal a educação é dever do Estado e da família e direito de todos.
  Já que é obrigação, que se faça o dever direito, dando a cada um a porção que lhe cabe no processo, a fim de que tenhamos uma sociedade justa, com pleno exercício da cidadania.
  Que a educação nossa de cada dia seja a educação que planejamos e que nos conduza a patamares desejados.

                                                                   Carlos Alberto de Oliveira