Minha diarista é gente muito fina, mas um pouco excêntrica. Mas há uma coisa que não posso deixar de salientar: ela é de total confiança.
Em
dezembro ela chegou e disse que a faxina do mês era mais cara. Quando perguntei
por que, ela me disse que era por conta do décimo terceiro. Aí em janeiro ela
manteve o preço. A explicação é que não poderia haver redução de “salário”. Não
liguei, afinal de contas, ela é de confiança.
Ela
chegou e disse que não mais lavará a louça do dia anterior, pois faxina não
cobre lavar louça, roupas e nem passar blusas. Qual a minha surpresa quando
encontrei o pano de chão sujo dentro do balde e ela saiu com essa: falei que
faxina não cobra lavar pano, quer seja
roupa ou pano de chão. Achei meio esquisito, mas ela é honesta e de inteira
confiança.
Outro
dia eu pedi a ela que economizasse água, pois o zelador avisou que ficaríamos a
parte da manhã sem o líquido precioso. Antes de sair, encontrei-a no sofá
assistindo a TV, o que me levou a perguntar se ela não iria trabalhar. Sem a
menor desfaçatez disse que estava economizando água, mas tão logo regularizasse
iria pegar no batente. Ah se ela não fosse uma pessoa prestativa e de grande
confiança.
A
última de minha faxineira: trouxe o filho e o sobrinho para não os deixar em casa
sozinhos nos dias de faxina. Os moleques são umas pestinhas e desarrumam tudo
que eu deixo nos lugares estratégicos. Até minha pasta de dente usaram e a apertaram
no meio; meus livros desfolharam e deixaram as páginas amassadas; usaram meu
estojo de canetas e deixaram jogadas na escrivaninha; deram faxina em minha
geladeira... corro o risco de ser citado por usar trabalho infantil.
Eu
estou de cabelos em pé com minha faxineira... ela roubou minha tranqüilidade...
a única coisa de bom nesta história é que minha diarista é gente fina e da mais
pura sinceridade e confiança!
(p.s.: esse texto é uma ficção, apesar
de minha diarista ser gente boa e de total confiança)