Falar em decisão politica hoje em dia parece desqualificar
qualquer postura de pessoas ou órgão, entretanto já está sedimentada entre nós
a frase “decisão politicamente correta”.
Por outro lado, quando se cogita de uma decisão jurídica, tem-se
a mesma como isenta de pessoalidade e interesses meramente individuais, o que
daria força a tal posicionamento, haja vista que é parecer técnico e advindo da
adequação do fato às normas estabelecidas.
Qualquer decisão mexe com aquele que tem de decidir, daí o
medo de decidir errado, o que leva pessoas e órgãos a procrastinarem suas posições
a respeito daquilo que lhes compete posicionar.
A comunidade batista aguardou ansiosamente pela decisão da
CBB. Esta por sua vez não poderia se esquivar de dar a resposta a tempo e a
modo, mas sem se afastar das questões políticas e jurídicas.
Daí ter seguido toda a via
crucis exigida, ouvindo a parte envolvida, qual seja, a Igreja Batista de
Pinheiros, que tomou a decisão de receber no seu quadro de membresia pessoas
com práticas homoafetivas, sem nenhuma discriminação aos direitos dos heterossexuais,
independente se aqueles largaram ou não suas práticas homossexuais.
A questão jurídica foi bem trabalhada, pois a Convenção
deixou bem clara que não é homofóbica, que respeita a autonomia das igrejas e
que condena qualquer manifestação discriminatória sob o tema levantado até o
momento e que as mesmas não foram feitas em seu nome, sendo cada autor
exclusivamente responsável pelas publicações.
Assim fazendo, livrou-se de qualquer possiblidade de
questionamento em várias esferas, inclusive judicial, haja vista que “todos são
iguais diante a lei”, princípio constitucional que faz coro com a declaração
bíblica que “Deus não faz acepção de pessoas”. Se Ele não faz, não teria sentido
seus seguidores fazerem.
Politicamente, a Convenção Brasileira fez o que deveria ser
feito: invocou a Bíblia, os documentos batistas, declarou que a igreja maceioense
“desconsiderou o espírito cooperativo participante entre as igrejas batistas e
expôs a denominação diante de uma situação desconfortável perante a mídia" e ainda "feriu frontalmente a integridade da Palavra de Deus, que é nossa única regra de fé e prática".
Talvez a comunidade batista esperasse uma conclusão que não
deixasse sombra de dúvidas quanto à atual situação da co-irmã de Pinheiros
frente à Convenção. Mas sua ação politicamente correta afasta acusações
sexistas.
Qual foi a decisão? Pra quem sabe lê, um pingo é letra...
pode ser apenas um cisco. O que se faz com o cisco? Ou se retira do corpo ou deixa
e o próprio corpo aciona os mecanismos para ser retirado.
Toda decisão possui seu grau de dificuldade. O que satisfaz
os anseios momentâneos pode trazer consequência nefasta no futuro. Não basta a
decisão ser jurídica ou política ou a combinação de ambas. A decisão precisa, sobretudo,
ser conforme os princípios divinos.
A
Declaração da Diretoria da Convenção Batista Brasileira sobre a aceitação de
pessoas homo afetivas no rol de membros da Igreja Batista do Pinheiro, Maceió,
AL foi um preâmbulo. Certamente haverá cenas dos próximos capítulos.