quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ecos do silêncio


Depois de uma noite turbulentas com os vizinhos que chegaram para curtir o feriado e esqueceram que há mortais que dormem, já sabia que meu dia seria estreeses puro.
Resolvi cozinhar e me concentrar somente na tarefa de juntar os temperos, os ingrediente, lavar as louças que iam se sujando e buscar uma lição naquelas metódicas ações!

Quando fui pegar o aipo (o salsão) verifiquei que suas folhas e caules estavam amarelos. Fiquei triste, pois contava com ele para minha aventura culinária.

Resolvi dar uma chance a ele e verifiquei que debaixo das folhas velhas e por dentro dos caules amarelos havia folhas e talos verdes... econtrei larvas pequenas e sujeiras.

Sabe o que aprendi? Que nem sempre tudo está perdido... debaixo de todo problema tem uma solução, ainda que haja larvas, sujeiras e pensamentos amarelos!

Contunuando na cozinha, sem fome e  sem nenhuma pressa (ah!! estava fazendo sopa de inhame), quis inovar (aliás, cozinhar só faz sentido se for para descobrir sabores novos).
Aí separei o salsão, o pimentão vermelho, a cebola, o alho, o tomate, a cenoura, orégano, majericão, a calabreza, a liguiça... havia três tipos de calabreza, mas tive que me desfazer de duas: uma por ter pimenta e a outra por estar muito tempo guardada!

Aprendi que às vezes é preciso rever nossas geladeira, nossa dispensas, nossos pensamentos, conceitos e pré-conceitos e jogar algumas coisas fora, pois não serão aproveitadas e só fazem volume, podem provocar mau cheiro e ainda aumentar o fardo!

Preparei como entrada (ou saída) jiló!!!! Ah, adoro jiló (é um fruto e não um legume para os desavisados): ensopado, frito... farei da próxima vez ao forno com manteiga, ovo e queijo parmesão, dentre outros ingredientes!
Até nisso aprendo que é sempre possível inovar, mudar e descobrir novos horizontes...

No final, fiz minha sopa e ficou uma delícia... fritei o jiló em pouco azeite e com tampa na frigideira (não suja tanto o fogão e o vapor dá um sabor especial)... como a sopa tava quente, comi jiló com manjericão (ficou mais saboroso com o orégano)... depois saboreei a sopa enquanto degustava o jiló. Ah!!!! O aipo deu aquele sabor diferente e a calabreza e a línguiça previamente fritos e depois cozidos fizeram com que tudo ficasse um manjar dos deuses!!


Mais uma vez saio com a experiência que às vezes vale a pena trancar-se dentro de si ou de uma cozinha para poder ouvir os ecos do silêncio. Quantos vezes deixei de conversar comigo mesmo? Já me considerava um estranho para mim, mas ter como resposta o eco do silêncio não é zen nem se chega ao nirvana, mas garante uma momentânea paz interior, o equilíbrio que será quebrado na primeira fechada do carro da esquina, mas que pelo menos faz com que se levante o polegar para o descuidado dizendo que tá tudo bem e ainda pedir para que ele tenha mais cuidado da próxima levantando o indicado na direção dos olhos!!!

Por fim, a manga que seria a sobremesa ficará para depois! Agora só quero voar com minha simples e vaga imaginação!
23/06/2011