terça-feira, 15 de março de 2011

Raiz quadrada de uma amizade


Ter amigos é somar motivos de alegrias,
É multiplicar as esperanças de um mundo melhor,
É subtrair as indiferenças e dividir as experiências buscando crescimento mútuo.

Queria ter amigos que formassem um conjunto infinito,
Mas já me sinto feliz se ele for igual ou maior que um, desde que nas diversas possibilidades tenha você como intercessão.

Amigos não são expressões sem solução no campo numérico real, muito menos um número irracional.
Amigos são simples, reais, racionais...

Não almejo que meus amigos sejam quadrados perfeitos,
Mas que façam par com meu propósito: ser feliz.
Que sejam ímpares em suas fidelidades e vazios de falsidades.

Por fim, desejo que meu Deus na sua infinita bondade,
Aumente as probabilidades de eu ter mais amigos
E que meu amor por eles aumente na mesma proporção que o amor que Deus tem por mim, por você e por todos nós.

Aliás, a raiz quadrada de uma amizade é o amor,
Porque amizade é amor ao quadrado...
Cortando a raiz de toda a aparência do mal,
Só sobra o amor.


Amizade=amor X amor
 

 Carlos Alberto de Oliveira, 16/10/2008

Pagando um preço


Quanto vale uma ação?
Quanto custa uma omissão?
Qual o peso de uma distração?
Qual a distância que se percorre a mais por um desvio?
Quando vale a pena um atalho?
Quanto custa uma desobediência?
Tudo tem um preço.
Até quanto se quer pagar?
Até quando se pode pagar?
E se o preço for muito alto?
Vale a pena arriscar?
Vale a pena apostar?
Vale a pena pagar pra ver?
A vida é um mercado.
Ás vezes as mercadorias estão à venda,
Noutras são simplesmente inegociáveis,
Poucas estão apenas de amostra,
Não é Deus o dono da vida?
Então se tudo tem um preço,
E se Deus é quem distribui as mercadorias
Cada qual possui uma porção para troca.
Então, qual o preço a pagar?
Alto preço foi pago na cruz.
O que você tem além do coração?
O que mais você tem para oferecer?
Quanto custa uma ação?
Quanto vale uma omissão?

Carlos Alberto de Oliveira

Cartas


Carta ao Senhor

        Senhor,

                        Sempre me pediu para que eu fosse sincero, verdadeiro e que minha palavra fosse sim, quando realmente quero dizer sim; não, quando o não for a intenção (Mateus 05:33). Então não terei dificuldades em dizer-lhe que estou decepcionado com o Senhor e questiono que amor é esse declarado a mim, onde nas horas em que mais precisei, não obtive respostas as minhas petições, não tive alento que enxugasse minhas lágrimas, não mandou sequer um anjo para que estivesse ao meu lado.
        Os meus amigos me abandonaram, os meus bens pereceram e até minha saúde ficou fragilizada... onde estava o senhor que não viu tudo isso acontecer e não veio ao meu socorro?
        Poxa senhor, enquanto eu me desmanchava em lágrimas até os ímpios e meus inimigos riam de mim, dizendo que eu jamais levantaria da situação em que me encontro. E mais: como pode eles que desejam o mal, que não andam nos seus caminhos, que aborrecem a ti e desconhecem ao seu próximo, terem abundância de bens, terem multiplicado cada dia as suas riquezas adquiridas de forma duvidosa... eles prosperam a cada dia. Isso não é estranho e contraditório, vez que procuro sempre fazer o bem, ser justo e fazer boas obras e meus caminhos serem tão diferentes do deles. Onde está sua justiça?
        Sabe Senhor, já que não esteve ao meu lado, prometeu-me prosperidade e não cumpriu, prometeu  paz e vivo no meio de tribulações, não vejo por que também fazer minha “parte nesse latifúndio”... vou mais além: de hoje em diante eu estou de relações cortadas com o senhor... quando tiver um tempo pra mim, quando lembrar que existo, quando resolver pelo menos escutar meu pranto, ver que minhas lágrimas estão secando de tanto serem derramadas, atentar para minhas dificuldades, aí sim... talvez eu faça as pazes com O Senhor,  ficaremos de bem e passarei a acreditar que existe um Deus que se preocupa comigo.
        Vou continuando buscando aquilo que me traz pelo menos um instante de inconsciência e um relativo descanso: minha caixa de Ocadil (remédio tranqüilizante).
        Fica na paz Senhor, pois ando procurando-a em todos os cantos e não a tenho encontrado.
        Até um dia em que o Senhor também resolver ser meu Deus.
        Atenciosamente,

Seu “filho”

Resposta de Deus à carta enviada

       Querido filho,

        Vi sinceridade em sua declaração... suas palavras chegaram ao meu trono e penetraram no meu coração... para cada afirmação feita eu tenho uma justificativa; para cada acusação eu o perdôo porque na verdade você não sabe o que diz...
        Tem razão quando diz que suas palavras têm de ser sim, sim; não, não, pois o que passar disso não tem procedência divina (Mateus 05:37).
        Eu tenho ouvido atentamente o seu clamor e já lhe falei duas coisas importantes: A primeira é que muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo (Tiago 5: 16); A segunda é que Eu sou seu Deus é não durmo enquanto você clama. Eu estou sempre guardando você. (Salmo 116: 03)
        Portanto, não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel. (Isaías 40:31).
        Filhinho, se você está se sentindo fraco, eu faço forte ao cansado e multiplico as forças ao que não tem vigor. (Isaías 40: 29 ).

         OS QUE ESPERAM em mim renovarão as suas forças, sobem com asas como águia, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.
        A grande questão, meu filho, é que você ainda não aprendeu a confiar em mim e vive estressado, ansioso por tudo: pelo alimento, pelo vestuário... deixa essa ansiedade de lado filhinho, eu dei a você o maior bem que alguém pode desejar: a vida! Não é ela mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?
        Quanto a não ouvir suas preces e ter-lhe abandonado, certamente está relacionado ao fato de Eu não fazer as coisas do jeito e no tempo que você planejou... mais uma vez você não deu ouvidos as minhas palavras... lembra-se quando eu disse que há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminho de morte (Provérbios 14: 12)? Pois é! O fato de eu não atender a seu pedido tal qual formulado é porque eu sei que no final você não encontrará a felicidade.
        Ó filhinho, buscai, pois, em primeiro lugar, o meu reino e a minha justiça, e todas estas coisas lhe serão acrescentadas (Mateus 06:33).
        Eu gostava tanto quando na bonança você dizia: Eu sou pobre e necessitado, mas o Senhor cuida de mim (Salmo 40:17); eu quero é isso meu filho – submissão. Você tem que se lembrar que os meus olhos repousam sobre os justos, e os meus ouvidos estão abertos ao seu clamor (Salmo 34:15). Confie em mim e no mais tudo farei (Salmo 37:05).
        Você continua achando que eu o abandonei diante suas aflições, mas querido, muitas são as aflições dos justos, mas Eu os livro de todas (Salmo 34: 19).
        Quanto ao ímpio ao qual você reclama de sua ascensão, nem vale a pena comentar... só veja o fim dele! De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?(Marcos 08:36)).
        Se eu prometi que estaria com você todos os dias até a consumação dos séculos (Mateus 28:20), pode confiar que assim será, pois seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a minha palavra permanece eternamente (Isaias 40: 08).
        Procure descanso em mim, filho meu, aceite a minha paz, vez que ela lhe dou, porém não a dou como o mundo a dá (João 14:27): uma paz passageira e que depende de drogas para um ínfimo momento de alucinações... eu sou o remédio para todos os males.
        Amado filho, eu sou seu Deus e você sabe que, embaixo do céu e acima da terra não há outro nome pelo qual você pode clamar e ser salvo (Atos 04:12), portanto descansa em mim.     Ó meu bichinho querido aceite um colo sincero e verdadeiro, venha para debaixo de minhas asas, permaneça nos meus pastos verdejantes, aceite o alimento que trago ao ninho através do meu bico, descansa a tua cabeça no meu ombro, entra no gozo do seu Senhor. Aquieta-se. Confie em mim. Encontre as respostas em minhas palavras.
        Seu e eternamente seu,
Deus!

Carlos Alberto de Oliveira

segunda-feira, 14 de março de 2011

Auditoria Fiscal do Trabalho: compromisso com o trabalho digno Dignidade sobre rodas



                                                                                 

Introdução
            “Digno é o trabalhador de seu salário” (Lucas 10.7).
            Eis uma frase profunda e que diz tudo o que hodiernamente se prega com relação ao labor, quer seja trabalho subordinado ou não. Nem parece que ela foi proferida há mais de 2000 anos por um jovem nazareno que peregrinava pelas cercanias da antiga Galiléia.     Dignidade vem do latim dignitate e pode ser definida como honradez, honra, nobreza, decência, respeito a si próprio, conforme O Novo Dicionário Aurélio da Editora Nova Fronteira.
                O jovem supra mencionado é conhecido pelo nome de Jesus e seus ensinamentos ultrapassam a barreira do tempo e se resume em: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
            Não se pode falar em fiscalização e compromisso com a dignidade sem perpassar pelo sentimento nobre do amor, pois respeitar-se está intimamente ligado a respeitar o próximo, como leciona MORAES (2002, p. 60/61):
“o princípio fundamental consagrado pela Constituição Federal da dignidade da pessoa humana [...] estabelece verdadeiro dever fundamental de tratamento igualitário dos próprios semelhantes. Esse dever configura-se pela exigência do indivíduo respeitar a dignidade de seus semelhantes tal qual a Constituição Federal exige que lhe respeitem a própria”.

            Assim, é que só há honra quando se honra; nobreza quanto se pratica atos nobres; decência, quando se demonstra decência ao próximo... Só há trabalho digno quando se aceita a possibilidade de que outros possam tê-lo também.
            Por isso que o presente trabalho é antes de tudo uma crítica às más condições de trabalho a que são submetidos aqueles que laboram sobre rodas, quer seja no transporte público de passageiros, quanto no transporte de cargas pelas rodovias de nosso país afora.
            Para tal, faremos um estudo de caso, abordando quatro fiscalizações realizadas em empresas de transporte, sendo três de passageiros e uma de cargas. Por motivos óbvios, as mesmas não serão identificadas, mas as irregularidades levantadas são comuns a várias empresas do setor, devendo haver fiscalização na atividade de forma mais incisiva para que se possa devolver a dignidade dos trabalhadores deste ramo e, portanto, aumentar a dignidade da auditoria por promover, sobretudo, justiça social.
Primeiro caso
            Chamá-la-emos simplesmente de Empresa A. Tal empresa é responsável pelo transporte de passageiros, atuando na integração dos bairros de uma cidade, como também efetuando o transporte interurbano.   
            A empresa A adota duas medidas daninhas aos seus empregados. A primeira diz respeito à exigência de que o trocador seja responsável pelos numerários roubados no interior dos ônibus. Justifica sua ação pelo fato de existir cláusula convencional que sugere ao profissional colocar no cofre do veículo o valor da passagem, retendo em seu poder 30% dele a fim de que o prejuízo seja menor. Mas independente do valor levado pelo meliante, a responsabilidade é sempre do trabalhador que terá de indenizar a empresa pelo sinistro, assumindo diretamente o risco da atividade, quando o texto consolidado é bem claro ao afirmar que tal risco cabe ao empregador.
            Sabendo que se fizer desconto em folha estará produzindo prova contra si, a empresa simplesmente exclui o colaborador da escala enquanto o valor subtraído não é devolvido na sua totalidade. Ao trabalhador não cabe outra opção a não ser contar com a solidariedade dos colegas que cotizam o prejuízo, pois sabem que ninguém está isento do caso fortuito, podendo qualquer um ser o próximo a passar pela situação constrangedora.
            A verificação da irregularidade é dificílima, pois não há elementos de convicção a ponto de justificar autuação, todavia, foi feita entrevista com vários rodoviários e colhidos os Boletins de Ocorrência, inclusive com os dados dos trabalhadores que passaram pelo evento e que não se encontram mais na empresa e que poderão ser testemunhas numa possível Ação Civil Pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho, para onde o relatório circunstanciado foi encaminhado. De qualquer forma, ficou consignado em Livro de Inspeção orientação para que não houvesse tal conduta.
            A empresa A possui moderna forma de marcação de jornada e contava também com o famigerado Banco de Horas. Numa análise da folha de pagamento, do saldo acumulado do banco, corroborado com o controle de jornada, ficou claro que a empresa não compensava a sobrejornada nem sequer a pagava como extraordinária, mas tão somente debitava o banco, zerava periodicamente as horas e aceitava os pedidos de folgas fora da escala, como se fosse mera liberalidade.
            A empresa além de ter sido autuada, ainda foi compelida a pagar todo o saldo acumulado dos últimos anos como horas extras e recolher os valores fundiários sobre a diferença salarial. Dessa forma, o trabalhador pode ser recompensado pelas horas a mais que dedicou ao empregador e tornou-se digno pelo seu salário, ainda que pago a destempo.
Segundo caso
            A Empresa B que atua no transporte municipal exigia que seus empregados usassem calça, camisa e sapato de forma padronizada, mas não os fornecia periodicamente só concedendo o uniforme quando da admissão. Exigia ainda que usassem jaqueta de modelo específico adquirido pela própria empresa.
            Ocorre que quando o trabalhador usava jaqueta de outra cor e padrão era chamado atenção e muitas vezes punido com advertências e suspensões.
            Após reunião com o sindicato, foi acordado que a empresa forneceria periodicamente os itens exigidos e que o trabalhador poderia escolher o modelo da jaqueta que quisesse, optando entre a cor preta e azul marinho. O ajuste talvez pudesse ser melhor, mas o exército de trabalhadores com camisas puídas, meias furadas e sapatos gastos exigia que a dignidade os alcançasse de imediato e isso foi feito.

Terceiro caso
            A Empresa C faz transportes intermunicipal e interestadual de passageiros. O grande problema verificado foi o tempo em que o empregado ficava à disposição do empregador, pois havia várias “janelas” durante a jornada, muita “dobra” e encerramento da jornada sem considerar o período em que o motorista pegava ou levava o veículo para a garagem.
            Pela falta de adaptabilidade a jornadas elásticas e a própria natureza do trabalho, havia muita rotatividade, o que exigia cada vez mais sobrejornada. Conseguintemente não eram poucos os acidentes de trânsito envolvendo os motoristas da empresa.
            Consegui juntar os relatórios de viagem, a marcação dos cartões de ponto, o tacógrafo (leitura feita com a ajuda de motorista membro do sindicato) e efetuei verificação física, ficando plantado no terminal rodoviário por algumas horas e dias.  A empresa não teve como argumentar os fatos e foi autuada, compelida a pagar as horas extras, recolher o FGTS e orientada a aumentar o efetivo para que não houvesse sobrejornada além do limite legal, tudo observado e regularizado sob ação fiscal.
            Após a regularização, o fato de o trabalhador poder ver a família com mais freqüência, participar dos eventos sociais e ficar livre do temor dos constantes acidentes, devolveu-lhe a dignidade enquanto trabalhador, enquanto pai de família, enquanto homem social.
Quarto caso
            Trata da empresa D que transporta cargas percorrendo trajeto intermunicipal e interestadual. Possui carretas novas, possantes e muito equipadas. A empresa usa tecnologia de última geração para a manutenção do veículo e para acompanhamento da carga. Entretanto, usa de métodos velhacos para tirar a decência daqueles que colocam a força de trabalho a sua disposição.
            A empresa adota salário misto, havendo parte fixa e outra composta de comissão. Adota métodos de composição salarial que levam em conta a distância, o cumprimento de metas quase sempre aleatórias e que fogem ao controle do trabalhador, quer seja por ocorrência de fenômenos naturais ou fenômenos típicos das grandes cidades, tais como engarrafamento, acidentes e outros que impedem que a carga seja entregue no tempo aprazado.
            Para diminuir seus custos operacionais, a empresa adota diversas fórmulas visando dividir o risco do empreendimento com o trabalhador. Assim é que possui dificílima fórmula para aferir o desgaste dos pneus, envolvendo velocidade, pressão sobre o freio, etc. Também desconta das comissões os pedágios, a falta de atendimento do sinal para localização e só pagava metade das diárias.
            Tendo ocorrido diversas mesas de entendimento a fim de solucionar o caso, a empresa se adequou a alguns itens, pagou diferenças levantadas, mas conseguiu a paralisação da fiscalização naqueles moldes via liminar judicial, porque as mesmas orientações já estavam sendo exigidas para as demais filiais.
            Mas a dignidade foi devolvida aos motoristas tanto pela implantação de critérios de aferição mais justos, pelo abandono de substâncias psicoestimulantes que tomavam para se manterem acordados e atender aos interesses frenéticos da empresa, como pelo abandono do temor pela incerteza do quantum que receberiam, tendo em vista a quantidade de descontos injustificáveis.

Conclusão
            O certo é que nas ações nas quatro empresas, o trabalhador viu suas aspirações profissionais atendidas, seus direitos restabelecidos, sua honra respeitada. Através de ação fiscal digna, mesmo contrariando interesses poderosos, o compromisso com a dignidade pôde ser observado, pois o hipossuficiente teve seu clamor por justiça atendido; a Auditoria trabalhista teve a oportunidade de cumprindo seu papel orientador, fazer cumprir os termos da legislação laboral, promovendo o equilíbrio entre as forças que compõem a relação de trabalho e melhorar as condições sociais do trabalhador, conforme contido na clássica definição de MAGANO (1998, p.10) sobre o direito do trabalho “[...] conjunto de princípios, normas e instituições, que se aplicam à relação de trabalho, tendo em vista a proteção do trabalhador e a melhoria de sua condição social” (grifo meu).
            Não podemos esquecer que os direitos dos trabalhadores estão alçados dentre os direitos sociais e se revestem do princípio que norteia toda a relação entre a espécie - o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Falar em trabalho escravo, degradante ou que de qualquer forma não reconheça a dignidade do ser humano é um contrasenso, pois a função do trabalho é exatamente elevar o homem ao maior patamar – o da dignidade, pois o trabalhador não é um ser abstrato, é antes de tudo um ser humano, merecedor de proteção, como nos ensina ROMITA (2005, p. 195):
A aplicação dos direitos fundamentais no âmbito da relação de emprego não concerne a indivíduos abstratos, mas a pessoas, isto é, a seres humanos em situação determinada pelo meio social em que vivem. Ela só se justifica quando considera os seres concretos, vale dizer, as pessoas encaradas em sua diversidade e levando em conta suas peculiaridades e sua particularidade. Cada ser humano é irrepetível e insubstituível. A fórmula que preside à aplicação dos direitos fundamentais é a que eles concernem ao ‘homem situado’. A pessoa em causa deve ser considerada em sua integralidade, não somente do ponto de vista profissional, mas também em sua vida privada.

            Compromisso com o trabalho digno é exigir meios para que, antes de tudo, o Auditor esteja revestido das nuances da dignidade, tanto quando na ativa, quanto após ter cumprido seu ofício e recebida a merecida aposentadoria. Concomitantemente, é levar a luz da dignidade aos que vivem na escuridão do descaso, da má fé, da ignorância (no sentido jurídico da palavra) e prestar as orientações cabíveis de tal forma que o peso da ação fiscal possa contrabalancear a relação empregado X empregador de forma que não haja desnivelamento e sim moderação, ponderação, discrição entre as forças que colaboram para uma sociedade produtiva, eficaz e feliz.
            Digno é o obreiro de seu salário, digno é o trabalhador das condições de segurança e saúde que o proteja, digno é o trabalhador de ter o fruto de seu esforço empregado com todas as garantias que a norma lhe garante, digno é o Auditor Fiscal do Trabalho que tem o compromisso com a dignidade de seu trabalho e que promove a dignidade através de sua ação, pacificando a relação entre o capital e o trabalho.
            Dignidade sobre rodas, oxalá dignidade em todas as formas de prestação de serviço.

Bibliografia
MAGANO, Octavio Bueno. “ABC do Direito do Trabalho”, 1ª  Edição, São Paulo, RT.
MORAES. Alexandre, Direitos Humanos Fundamentais, São Paulo, Atlas.
ROMITA, Arion Sayão. Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho, São Paulo, LTR.


 Carlos Alberto de Oliveira

Terceirização de mão de obra de repositores e afins em supermercados



            Cada vez mais vemos em mercados e supermercados pessoas com uniformes de outras empresas (terceiras) prestam serviços como repositores, degustadores, promotores de venda, enfim, trabalhadores que foram contratados para promoverem os mais variados produtos.
            Entretanto, a figura jurídica da terceirização só é cabível quando se trata de atividade meio e não de atividade fim. Logo, a questão da possibilidade de repositores e similares terceirizados ficará explícita se for identificado em que atividade está atuando o terceirizado.
Entrevistando alguns dos promotores/repositores, constei que estes trabalhadores arrumam as gôndolas dos produtos que representam, verificam a validade dos mesmos, anotam a quantidade necessária para reposição, retiram a poeira das prateleiras e dos produtos e ainda informam aos clientes do estabelecimento sobre suas características quando abordados. Frisa-se que os produtos foram comprados no atacado pelo mercado e que a ação dos terceirizados somente agrega valor ao produto final vendido no varejo.
Ora, isso é atuar na atividade fim da empresa que é ESTOCAR/EXPOR/VENDER mercadorias, logo, os promotores/repositores não deveriam ser contratados através de empresas interpostas, em clara intermediação de mão de obra, confrontando os artigos 2º e 3º da norma laboral consolidada, bem como uniformização jurisprudencial esposada pela Súmula 331 do colendo TST- Tribunal Superior do Trabalho.
Assim sendo, o vínculo empregatício dos empregados contratados como PROMOTORES/REPOSITORES através de empresas terceirizadas dá-se com a empresa contratante, posto presentes todos os requisitos caracterizadores da relação de emprego, devendo o estabelecimento ser autuado quando da fiscalização trabalhista, que tem total competência para concluir pelo vínculo ou não, conforme decisão do TST, narrada em Notícias do TST, que assim registra:
Por entender que não há invasão de competência da Justiça do Trabalho, a Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho acolheu recurso de revista da União Federal e reconheceu a atribuição do auditor fiscal do trabalho para declarar a existência de vínculo de emprego, pois está entre suas atribuições a verificação de ofensa às normas trabalhistas. Ao constatar a contratação irregular entre a tomadora de serviços e o trabalhador, é competência do fiscal do trabalho autuar a infratora e providenciar a emissão da Notificação Fiscal para Recolhimento do FGTS (NFCG). (grifo meu).

            É evidente que os elementos caracterizadores da relação de emprego encontram-se presentes, pois há subordinação, visto que as orientações de como os serviços serão prestados cabem ao preposto, como a  determinação do espaço em que ficarão os produtos; a pessoalidade também fica notória quando se encontra empregados que estão anos trabalhando no mesmo estabelecimento ou para o mesmo grupo econômico, fazendo rodízio entre diversas empresas; a prestação dos serviços é onerosa, pois foi paga direta ou indiretamente, neste caso embutido no valor da transação com o atacadista.
            O judiciário já se manifestou contra a prática em comento e decidiu pela irregularidade, conforme se depreende da decisão do órgão de segunda Instância em São Paulo:
Terceirização. Repositor de supermercado. Contratação por interposta pessoa. Irregularidade. Atividade-fim do supermercado, pouco importando se a mercadoria era proveniente de outra empresa. Recursos Ordinários não providos. (TRT/SP - 01159200846202005 - RS - Ac. 12aT 20090529094 - Rel. Davi Furtado Meirelles - DOE 07/08/2009). (grifo meu).

            Como se verifica pela decisão supra, está-se diante de irregularidade que deverá ser apreciada pelos órgãos competentes, quais sejam: a fiscalização do MTE quando da ação fiscal na empresa, o Judiciário quando provocado e pelo Ministério Público do Trabalho que atuará dentro de sua competência institucional, geralmente promovendo Ação Civil Pública. Foi exatamente neste diapasão que o órgão ministerial agiu na cidade de Nova Friburgo, diante de situação análoga no município fluminense.

A apuração, conduzida com o auxílio da Subdelegacia Regional do Trabalho de Nova Friburgo, mostrou que os empregados responsáveis pela reposição de produtos nas gôndolas e na venda de frutas, verduras e legumes, bem como pelo comércio de pescados e carnes salgadas, estavam vinculados a empresa terceirizada, embora recebessem ordens diretas dos prepostos do supermercado. A partir daí, com a recusa do supermercado em firmar Termo de Compromisso, o MPT ajuizou a ação civil pública (Assessoria de Comunicação da PRT 1ª Região/RJ, 2005).

            Na mesma fonte acima, é deixado bem claro a ofensa aos preceitos legais:

Segundo o Procurador do Trabalho Fernando Pinaud, do Ofício de Nova Friburgo, a implantação da terceirização de atividades ligadas aos objetivos da empresa com o intuito de baratear o custo da mão-de-obra atenta contra os preceitos legais de proteção ao trabalho subordinado e fere as normas da Constituição. "A propriedade deve ser vista pela ótica de sua função social e não com o espírito do lucro exacerbado e da flexibilização desenfreada dos direito dos trabalhadores", disse o Procurador.

            Ainda que haja resistência por parte dos empresários a respeito do entendimento de irregularidade na contratação de empregados através de empresa interposta, há indícios claros de ofensa à legislação laboral, pois os terceirizados além de receberem valores inferiores aos empregados devidamente registrados pelo tomador, muitos não possuem sequer a CTPS assinada pelo fornecedor de mão de obra, laboram sem a proteção das normas de segurança e saúde e fazem jornada aviltante.
            Em Cabo Frio e regiões circunvizinhas, as empresas do setor varejista começaram a ser fiscalizada no intuito de que tal prática deixe de ser adotada. De igual forma, na capital carioca também há esforços do MTE para combater a fraude no setor terciário.
 A bem da verdade, não se pode permitir nenhuma prática que ofenda os direitos laborais em nome da persecução de lucros maiores, pois a vida e a dignidade do trabalhador estão acima de qualquer interesse econômico que procure justificar a exploração do homem pelo próprio homem.

Bibliografia:

Central Jurídica. Disponível em
http://www.centraljuridica.com/jurisprudencia/g/2/p/29/direito_do_trabalho/direito_do_trabalho.html, acessado em 07 de dez de 2010.

Informativo do PRT – 1ª Região. Disponível em
http://www.prt1.mpt.gov.br/imprensa/boletim/boletim6.pdf, acessado em 07 de dez de 2010.

Revista Eletrônica de Jurisprudência nº20/2006 - Ano II. Disponível em www.trt4.jus.br/RevistaEletronicaPortlet/servlet/download/99edicao.pdf, acessado em 07 de dez de 2010.



Carlos Alberto de Oliveira

O grande encontro dos músicos cristãos

         

         Numa linda tarde, foi marcado um culto em alusão ao dia da Bíblia e várias denominações evangélicas compareceram à praça do bairro.
         O primeiro a chegar foi a HC - Harpa Cristã... toda elegante, com saia comprida, mangas ¾ , cabelo bem arrumado, preso por uma linda tiara colorida.
         Logo em seguida, chega o HCC – Hinário para o Culto Cristão. Calça Jeans, camiseta, tênis e boné com dizeres evangélicos e uma pulseira descolada.
         Correndo, chega o CC – Cantor Cristão – calça social, camisa de manga curta, relógio moderno, meia, sapato, cinto, tudo combinando, conforme manda o figurino.
         O HCC manda logo uma piadinha para o CC:
- Como sempre atrasado e ultrapassando o compasso.
         A HC, educada como sempre deseja a paz do Senhor. Pelo que o CC retribui e dá um caloroso aperto de mãos em todos.
CC: Desculpas pelo atraso... temos que resolver quais as músicas, antes do início o culto.
HC: Já tenho selecionados dois hinos.
CC: Tenho uma letra inspiradora para o momento.
HCC: Vamos fazer o seguinte, caso seja alguma melodia comum, ficamos com minhas letras que são mais atualizadas.
         Neste momento chega o CCC - Caderno de Cântico das Comunidades. E logo grita:
- Alguém falou de atualização? Então estão falando de mim, pois são as minhas músicas que são cantadas na mídia. Eu estou até aonde não tem evangélicos. Sou entoado em bares, programas televisivos  e ainda nos sons envenenados dos plays boys cristãos ou não.
    Outro dia passando defronte a um bar,  ouvi em som de pagode: “Entra na minha casa, entra na minha vida...”. Fiquei todo bobo, pois sou preferência nacional.
         A HC, moderada como sempre, disse ao CCC: - Se você veio se juntar a nós para um louvor, seja bem-vindo.
         O HCC, mais exaltadinho declarou: - certamente ele não veio para a programação, pois camisa machão não é traje para o momento.
         O CC querendo contornar a situação informou: vamos deixar de discussões, pois a programação começa em instantes.
         O CCC concordou: - É isso aí... olha, já tenho os cânticos da comunidade X para dar início.
         A HC falou. Não vai dar tempo para ensaiar... só vamos definir quais serão cantados.
         Escolheram as músicas e logo se deu início ao culto.
         Os cânticos das comunidades abriram os trabalhos despertando os transeuntes que se aproximaram.
         A Harpa cristã logo em seguida apresentou-se, preparando o terreno para a mensagem. O HC entrou na hora do apelo e deixou os corações contritos, auxiliando no apelo e decisões. Ao final, num grande coral, os hinos do HCC foram entoados, aumentando o grande laço de confraternização dos presentes e a alegria dos que de longe assistiam.
         Quando todos foram embora, a Harpa, o Cantor Cristão, o Hinário Para o Culto Cristão e o Caderno de Cânticos das Comunidades se aproximaram, fizeram uma oração com a homenageada Bíblia Sagrada,  que aconselhou aos demais:
- Vocês possuem suas peculiaridades e são considerados instrumentos nas mãos de Deus para a sua obra. Nem um nem outro tem proeminência, mas devem ser preservados e usados na hora certa, para o propósito certo.
         Entendido o recado, saíram todos, no mesmo diapasão, abraçados e cantando um belo corinho. E pode a Bíblia ver as notas harmônicas subindo e chegando ao trono de Deus. E por fim exclamou:
         Tudo quanto tem fôlego louve ao senhor. Louvai ao Senhor!

Carlos Alberto de Oliveira
        
         

A espera de um milagre

Deus,
Quando minhas forças se esvaiem,
Quando meus pensamentos se tornam confusos,
Quando meus sentimentos são motivos de distanciamento,
Preciso de um milagre!

Quando meus olhos não contemplam uma saída,
Quando meus ouvidos não escutam mais opções,
Quando minha voz ecoa na minha própria imaginação,
É hora de um milagre!

Se meus braços não conseguem sinalizar,
Se minhas pernas me levam a lugar nenhum,
Se minha face desfalece por não ver o sol,
Só por um milagre!

Todavia,
Pela minha esperança vir dos céus,
Pelo Senhor ser o Deus da minha salvação,
Pelo fato de não haver impossível para o Senhor,
Faça de mim um milagre!
Carlos A. Oliveira

Mensagem ao Cantor Roberto Carlos

Prezado Roberto Carlos,

         Quero parabenizá-lo pela homenagem recebida e dizer que todas serão merecidas pelo que você representa para a música brasileira.
            Mas a razão de eu lhe escrever essas linhas tem relação com a notícia que vi no MSN, informando que você se assutara (tendo ficado “horrorizado”) com o desfile da Unidos da Tijuca, que trabalhou o tema “Hoje buscarei a sua alma” (http://entretenimento.br.msn.com/famosos/noticias-artigo.aspx?cp-documentid=27933002). Confesso que não acompanhei os desfiles de nenhuma escola, mas fiquei curioso sobre o tema e, mais ainda, com sua reação.
            Sei que você é uma pessoa religiosa, supersticiosa (sem críticas) e de bom coração (confirmado também pelo sítio quando afirma que levou dentre amigos, família também seus empregados para seu camarote). Mas a questão é que ser religioso, supersticioso ou bom não garante a ninguém a vida eterna.
            Muitas coisas podem nos tirar a paz, mas a Bíblia orienta assim: “Reconcilia-te, pois, com ele e tem paz, e assim te sobrevirá o bem” (Jó 22.23). A verdadeira paz, só a encontramos em Cristo.
            “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?”. Esta frase é o desfecho da parábola contida em Lucas 12.13-21, onde um homem rico que teve sucesso nos seus empreendimentos começou a fazer planos para o futuro, mas se esqueceu de planejar o futuro de sua alma: “Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus” (Lucas 12.21). “Buscai primeiro o reino de Deus e as demais coisas vos serão acrescentadas”, complementa o verso 32, que narra a ansiosa solicitude pela vida.
            Cenas de teatro, filmes de terror, alegorias de escola de samba, nada disso poderá retratar o que está destinado para aqueles que verdadeiramente não aceitarem a Cristo como único e suficiente salvador, pois o lugar destinado a tais será de puro tormento (Lucas 16.23).
            Roberto, não fique apavorado com fantasias e adereços carnavalescos, pois foram feitos por mãos humanas, temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo (Mateus 10.28).           Todos compareceremos diante do juízo final... “todos que descem ao pó se prostrarão perante o Senhor (Salmo 22.29), o verdadeiro Rei, “O Senhor dos Exércitos, ele é o Rei da Glória” (Salmo 24.10). 
            Teria muito para lhe falar, mas não quero me tornar enfadonho, portanto, humildemente lhe oriento (sem nenhum pretensão), clame assim: Jesus Cristo, Jesus Cristo eu estou aqui... indica-me o caminho certo, pois quem poderá dizer o caminho certo é você meu pai. Abro o meu coração, venha fazer morada nele. 
            Desculpa-me, mas como não sei seu email, mandarei esta para todos os meus contatos e pedirei aos que receberem que repassem para os seus. Assim sendo, tenho a esperança de que esta singela carta chegue a você. Certamente não viremos a nos conhecer pessoalmente, mas se você for a uma igreja genuinamente evangélica, encontrará alguém como eu, um pecador remido e lavado pelo sangue de Jesus. 
            Aliás, você outro que recebeu este email e que teve a paciência de ler até o final, deixo dois versículos muito apropriado para o momento: “O Senhor é a minha luz, a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei? (Salmo 27.1,2).
            Não se esqueça de repassar, pois há muitos Robertos, há muitos horrorizados com as coisas deste mundo precisando de conforto... seria você um RobertoSe for, “entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e ele tudo fará” (Salmo 37.5).

            Abraço,
Carlos Alberto de Oliveira

Patmos não é o final

Patmos não é o final

         Atenção senhores passageiros com destino a Nova Jerusalém, próxima parada Patmos, mas atenção: Patmos não é o final.
         Após Patmos, haverá um local de conexão, aonde pessoas vindas de vários lugares se encontrarão. Uma coisa em comum com os demais viajantes – todos querem chegar ao mesmo destino
         Alguns optaram pelo caminho largo, entretanto tiveram problemas  e ficaram para trás. O caminho estreito é bastante problemático, mas é ele quem leva ao destino desejado.
         Muitas pessoas fizeram o trajeto via Egito e foram escravos por muitos anos, atravessaram o Mar Vermelho, peregrinaram pelo deserto e tiveram contato com vários povos hostis.
         Há uma rota via Nínive, cujos moradores impiedosos faziam horrores com os profetas. Muitos passageiros se juntaram ao ninivitas e se tornaram tão cruéis quanto.
         Aqueles que foram conduzidos via Galiléia foram curados, viram milagres e puderam parar nas sinagogas para ouvirem sábios ensinamentos.
         Os que foram por Cafarnaum puderam conhecer um Centurião, cuja fé superou qualquer manifestação havida em todo Israel.
         Por qualquer que seja a opção para Nova Jerusalém, é inevitável passar por vales e montanhas. Muitos não seguiram as orientações do guia e ficaram pelos vales da sombra da morte. Outros ignoraram os avisos para não se juntarem ao julgo desigual e serviram aos falsos deuses encontrados pelos caminhos e seguiram os seus próprios desígnios que ao fim os conduziram ao grande lago de fogo e destruição.
         O povo que saiu de Judá foi conduzido para a Babilônia e lá foi jogado na cova dos leões, mas o capitão não os abandonou e mandou-lhes um subordinado que fechou a boca das feras. Jogados na fornalha de fogo ardente, não sucumbiram, pois lá não era seu lugar de destino e foram libertos e continuam a viajem rumo a Nova Jerusalém.
         Não se desanimem os que em Patmos forem descer... poderão passar problemas, distanciamento dos amigos, injustiças, fome ou privação da liberdade. Quem sobrevive a Patmos  ganha uma experiência diferente, pois será lapidado e tratado a ponto de pisarem serpentes e falarem novas línguas, fazerem leão jejuar e usar o nome que está sobre todos os nomes. Uma procuração lhes foi dada e tudo quanto pedirem no nome do mandante ser-lhe-á feito.
         Muitos ainda virão de Éfeso, Esmirra, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadelfia, Laodicéia e muitos outros lugares. Mas o alvo é chegar a Nova Jerusalém, cujas fontes jorram leite e mel. Tribulações, perseguição e aflições fazem parte do pacote, mas aos que perseverarem será dado a honra de participarem do banquete com o comandante.
         Mas uma coisa tem de ficar bem clara: são diversas paradas, assim como são diversas as fases da vida. Mas aqui não é nosso lugar de descanso e ainda que se tenha de passar por Patmos, não se esqueçam: Patmos não é o final da jornada... é tão somente uma parada, um momento, uma reflexão, um enduro, uma passagem desprezível se comparada com a glória e majestade da tão desejada e eterna Nova Jerusalém.
         Por fim, último aviso: A Rua da Amargura ficou para trás. Avenida dos Desesperados fica à direita; à esquerda a Avenida Beira Mar do Esquecimento, onde seus pecados foram jogados por Deus. Nem todos os caminhos levam a Nova Jerusalém, todavia, para quem descer em Patmos, fica o aviso: Patmos não é o final.
Carlos Alberto de Oliveira