Preliminarmente, o que é um cabo eleitoral? É a pessoa encarregada de conseguir votos para determinado partido ou candidato específico. Ele pode “trabalhar” de graça ou receber pelos serviços prestados. Pode fazer por acreditar no projeto partidário ou no programa do candidato ou até mesmo por interesses escusos, objetivando vantagens pessoais ou alheias, como exercício de cargo comissionado ou a possibilidade de indicar alguém para determinado órgão.
Na
direção de fazer uma construção razoável, vale a pena dizer que o título deste
arrazoado seria mais preciso se se referisse a Ministro de Confissão Religiosa,
aí englobando não somente os pastores, mas padres, rabinos, sacerdotes,
obreiros, cooperadores, presbíteros, anciãos, coroinhas, dentre outros.
Partindo
do pressuposto que o ministro de confissão religiosa é um cidadão e como
indivíduo possui o direito de expressar seu interesse político, assim como
tentar arregimentar votos para seu candidato, louvável esse proceder.
Todavia,
extrapola da competência do ministro de confissão emprestar sua imagem de
religioso para servir de cabo eleitoral. Assim como não me parece crível cantor
gospel usar dos espaços eclesiásticos para promover a si ou a outrem. Pior
ainda se esses mesmos influenciadores evangélicos fazem do seus espaços um
curral eleitoral.
Na
época de Jesus havia vários partidos políticos e seitas, como os saduceus,
fariseus, essênios, zelotes e herodianos. Quando Jesus usou de seu poder e
influência para ser cabo eleitoral de qualquer partido? Defender a justiça, o
uso honesto do dinheiro público, os ideais cristãos é uma coisa, mas trocar o
ofício de ministro pelo de cabo, é algo que deve ser repensado.
Certamente
vários versículos isolados surgirão para combater esse posicionamento, mas não
devemos nos enganar. Há vários líderes descaracterizando seus ministérios,
preocupando-se com candidatos ou promessas deles e o rebanho está largado à míngua.
Alertar
o povo sobre a importância do momento político, sobre a responsabilidade de
preservar nossa identidade como cristãos, bem como defender com afinco os
valores sociais que acreditamos é missão
de todos, inclusive dos ministros de confissão religiosa.
Concluo
afirmando: o cidadão pode ter compromisso com partidos e candidatos, mas os
pastores e demais líderes possuem compromisso, antes de tudo, com Deus e seu
rebanho.
Que
o justo governe, que o justo ministre!