Agosto
Lilás
Tradicionalmente agosto é o mês de Combate à violência
contra a mulher, denominado “Agosto Lilás”. A campanha visa levar informações e
sensibilizar toda a sociedade sobre as formas de combate à violência contra a
mulher.
O marco de combate à violência contra a mulher entre nós é a
Lei nº. 11.340, de 7 de agosto de 2006, que ficou conhecida como lei
Maria da Penha, que prevê cinco
tipos de agressões: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.
Entretanto, quando se trata de relação de emprego, há também
dispositivos próprios que protegem a mulher trabalhadora contra os vários tipos
de agressões a que possa ser submetida e também direitos específicos, cuja
inobservância constitui outra modalidade de agressão.
A primeira fonte de proteção à mulher está na Carta Magna, no art. 5º, inciso I, que estabelece o
Princípio da Isonomia ao prever que “homens e mulheres são iguais em direitos e
obrigações nos termos desta Constituição”.
Outra fonte protetora é a CLT - Consolidação das Leis do
Trabalho - que dedica todo um capítulo
que se intitula “Da proteção do trabalho
da mulher”, sendo que no caput do art. 372 há a seguinte disposição: “Os
preceitos que regulam o trabalho masculino são aplicáveis ao trabalho feminino,
naquilo em que não colidirem com a proteção especial instituída por este
Capítulo”.
Assim sendo, é inaceitável qualquer discriminação de
salário, contratação e acesso a cargos, diferença salarial pelo fato do gênero,
sendo tal discriminação uma afronta ao ordenamento jurídico ao ferir
mortalmente o Princípio da Dignidade Humana, insculpido no artigo 1º, inciso III da Constituição
Federal.
Contudo, o Princípio da Igualdade possui uma característica
importantíssima e que não pode ser desconsiderado: nem todos estão no mesmo
patamar, sendo necessário um tratamento diferenciado para se conseguir a
igualdade material. Isso fica evidente no seguinte magistério de Nery Júnior ao
lecionar que “Dar tratamento isonômico às partes significa tratar igualmente os
iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida de suas desigualdades”.
Por assim ser, a mulher tem todos os direitos previsto aos
homens mais aqueles que são específicos a ela, exigindo proteção diferenciada,
como por exemplo os direitos inerentes à maternidade e deslocamento de peso.
Hoje, o trabalhador que se tornou pai tem licença de cinco
dias, todavia, pelas características que cercam a maternidade, a licença da mulher
é de cento e vinte dias, válido tanto para mães biológicas quanto para
adotivas. Talvez fosse o caso de se estender um pouco mais a licença
paternidade para que pai e mãe tivessem um tempo maior para cuidar do filho,
dividindo assim as tarefas e responsabilidades.
Infelizmente, ainda há diversos casos de violência
contra a mulher trabalhadora que perpassa
pelo assédio moral, sexual, psicológico e patrimonial.
Elencamos abaixo algumas ementas que caracterizam violência
à mulher inserida no mercado de trabalho:
1.
Dispensar a empregada gestante,
arbitrariamente ou sem justa causa, no período que vai da confirmação da
gravidez até cinco meses após o parto.
2.
Dispensar do trabalho, recusar-se a
empregar ou a promover empregada em razão do sexo, salvo quando a natureza da
atividade seja notória e publicamente incompatível.
3.
Considerar o sexo como variável
determinante para fins de remuneração, formação profissional ou oportunidade de
ascensão profissional.
4.
Publicar ou fazer publicar anúncio de
emprego no qual haja referência à situação familiar da mulher, salvo quando a
natureza da atividade a ser exercida, pública e notoriamente, assim o exigir.
5.
Considerar a situação familiar da mulher
como variável determinante para fins de remuneração, formação profissional ou oportunidade
de ascensão profissional.
6.
Deixar de garantir à empregada, logo
após o retorno ao trabalho, a retomada da função anteriormente exercida, em
razão da transferência efetuada durante a gravidez.
7.
Manter mulher em serviço que demande o
emprego de força muscular superior a 20 (vinte) quilos, em trabalho contínuo,
ou 25 (vinte e cinco) quilos, em trabalho eventual.
8.
Proceder, em razão da adoção de medidas
de proteção ao trabalho das mulheres, à redução de salário.
9.
Fazer constar em regulamento de qualquer
natureza, convenção coletiva ou contrato individual de trabalho, restrições ao
direito da mulher ao seu emprego, por motivo de casamento ou gravidez.
1. Proceder, o empregador ou preposto, a
revistas íntimas na empregada ou funcionária.
Diante
de violência contra a trabalhadora, esta deve levar o fato ao seu superior ou
ao empregador. Entretanto, se não resolverem ou forem eles os causadores de tal
violência, a solução está em fazer denúncia ao sindicato, à Fiscalização do
Trabalho ou ao Ministério Público do Trabalho. Ainda tem a possibilidade de ajuizar ação trabalhista
pedindo o reconhecimento da rescisão indireta e indenização por danos morais.
Ainda
que a campanha seja no mês de agosto, a
sociedade não pode se calar diante da violência diária contra a mulher e para
isso é necessário dar voz a ela, proporcionar celeridade na identificação e
punição do agressor e garantir a dignidade humana a todos, inclusive a mulher
trabalhadora.