Essa tal democracia batista
Nada
mais democrático do que ouvir e ser ouvido, inclusive na igreja. Viva a
democracia batista.
Essa
tal democracia batista permite votar e ser votado; propor, apoiar, pedir réplica,
tréplica e registrar o único voto contrário; possibilita discordar no campo das
ideias, solicitar "pela ordem", aprovar/rejeitar relatórios,
pareceres, criar comissões, participar das mesmas como vogal, relator ou
convidado, no afã de que a transparência continue sendo a marca indelével da doutrina
batista.
Essa
tal democracia batista proporciona uma agenda lotada com reuniões, sessões, pesquisa
de preços, montagem de calendário, planejamento coletivo, assembleias,
convenções, congressos, retiros, cursos, encontros, passeatas, torneios,
gincanas, ensaios, tudo com o desejo de que a participação coletiva seja indubitavelmente
evidenciada.
Essa
tal democracia batista nos leva a seguir leis, estatutos, regimentos, ordem de
serviço, normas de função e ainda controlar a água, o telefone, a energia, o
combustível, o material de consumo... as despesas variáveis precisam seguir
estritamente a previsão orçamentária e os gastos imprevistos são cobertos pela
Reserva de Contingência.
Como
eu amo essa tal democracia batista quando vejo que o peso do voto de um ancião
tem o mesmo peso do voto de uma criança, cuja participação é garantida, salvo
limitações legais e estatutárias; como eu admiro saber que a decisão unilateral
é a exceção e precisa ser ratificada pela coletividade.
Como
eu vibro com essa tal democracia batista em que cada igreja é ligada a
associações, mas cada unidade tem toda autonomia para tomar suas próprias
decisões, usar os próprios recursos e ainda contribuir pela causa comum, quer seja
a nível local, regional, estadual e até mundial.
Porém,
como eu temo essa tal democracia batista que emperra nos quóruns, na
possibilidade da liberdade de manifestação individual não pensada, na ausência
de compromisso de parte que deixa na mão da outra parte decidir pelo todo e que
não age como corpo, ainda que exija ser tratado como tal.
Ah,
como eu gostaria que essa democracia batista sempre fosse invocada no interesse
do reino e que não desse brecha para quebrar a harmonia e a unidade, marca da
igreja primitiva que tinha tudo em comum, com ausência de necessitados e
conquista da graça e confiança dos que a cercava.
Essa
tal democracia batista certamente não salva, mas com certeza nos permite
transitar com transparência e reforçar os pilares pelos quais nos consideramos
irmãos, filhos do mesmo pai, com os mesmos direitos, com os mesmos deveres, com
o mesmo objetivo, com o mesmo ideal.
Salve
Deus essa tão desejada, propagada e real democracia batista.