segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Farofeiro com classe


         Outro dia estava na Praia do Forte e vi como a “globalização” chegou às areias de Cabo Frio.
         Lembro-me dos tempos de criança em que íamos para a Praia de Ramos e levávamos lanche, sendo a farofa artigo indispensável. Geralmente o cardápio era o mesmo; arroz, maionese, frango e farofa, tudo regado à refrigerante como Tobe, Convenção, Guará e outros mais.
         Depois, começamos a frequentar as praias da zona sul do Rio e fincamos nosso guarda-sol nas areias do Flamengo, Botafogo, estendendo mais tarde à Copacabana. Nesta época, comecei a ouvir o termo “farofeiro” como algo pejorativo.
         Quando se via um ônibus cheio vindo do subúrbio em direção à praia, diziam que lá iam os farofeiros para a praia. Ficou inviável fazer a boquinha nas areias e abrir o recipiente de farofa, pois logo éramos  taxados de suburbano ou termo semelhante.
Pois bem. O que mais tenho visto nas praias de Cabo Frio e adjacência é gente que chega com seu pratinho pronto, com cardápio o mais variável possível, sendo indispensável a velha e saborosa farofa.
Como disse anteriormente, a globalização tomou conta das praias, pois a farofa que se come aqui é a mesma que era traçada naquela minha época e, certamente, a mesma consumida nas praias de fácil acesso de qualquer região do Brasil e do exterior onde se bronzeia a multidão.
O cara que traz as cervejas, água e uísque em caixas térmicas é o mesmo que já vem com seu sanduíches com pastas e a tradicional farofa com os mais diversos acompanhamentos.
Certo é que  “farofeiro” nas praias não soa como um termo elogioso, mas na areia todos somos iguais, desde  aquele farofeiro que traz somente o ovo como complemento de sua iguaria, até o farofeiro que combina a farinha com frutas secas e bacon e outros ingredientes. Seriam estes os farofeiros de classe?
No fundo, o que vale é a diversão, é a fuga do calor insuportável, é deitar, rolar e nadar,  pois caixote levam todos os farofeiros. Vai uma farofa aí?

sábado, 3 de janeiro de 2015

Analfabeto funcional espiritual


            O Analfabetismo funcional é a incapacidade que uma pessoa demonstra ao não compreender textos simples. Ela reconhece as letras, sabe formar sílabas, até lê algumas sequências, mas é incapaz de fazer uma análise simples do texto. Ela lê, por exemplo, a frase: Olavo viu a uva. Se você perguntar quem viu a uva, ela não sabe responder. Muito menos sabe que uva é uma fruta.
            Por acaso somos diferentes quando se trata das coisas espirituais? Passamos tanto tempo aprendendo os princípios do evangelho, mas temos grandes dificuldades de colocá-los em prática na sua inteireza. Estudamos tantas lições na Escola Dominical, aprendemos tantos conceitos nos encontros espirituais, somos tocados pela mensagem do pregador, mas na hora de agir segundo os princípios, de aplicar os conceitos, de agir como a palavra anunciada, somos analfabetos espirituais.
            Isso acabou de acontecer comigo à noite e hoje pela manhã. Caminhávamos à noite e vi um rapaz deficiente físico com saco cheio de latas, amassando-as, certamente para vender. Passei direto. Fui tocado, voltei e comecei a conversar com ele, vendo a possibilidade de arrumar qualquer colocação numa das empresas que são obrigadas a contratar pessoas com deficiência e que não conseguem, por diversas razões. Marquei com ele na terça-feira da semana que vem. Ele falou que compareceria ao local com sua mãe. Ufa! Dever cumprido.
            Hoje, antes das 7h estava preparado para andar de bicicleta. Qual minha frustração ao perceber que o zelador prendeu com cadeado suas bicicletas à porta do local onde estava a minha guardada. Chateado, voltei para o apartamento.
            Ao subir, lembrei que não havia tomado o remédio de pressão, tomei café (só havia comida uma banana). Enquanto preparava o pão, lembrei-me do texto bíblico base da minha reflexão quando acordei, onde Pedro foi liberto da prisão pela ação poderosa do anjo enviado por Deus.
            E como acredito que nada acontece por acaso, eu associei que o motivo que me impediu de pedalar naquele momento pode ser um grande livramento de alguma coisa. Por que não? O fato é que a minha chateação primeira foi transformada em agradecimento, pois por alguma razão (quem sabe esse texto será útil para alguém que esteja precisando ler exatamente isto?) não seria para eu sair exatamente naquela hora.
            O fato é que preciso estar mais atento às coisas espirituais e agir conforme tenho aprendido. Quem sabe os olhos que passam por estas letras também precisam interpretar mais o que aprendem e não somente juntar letras anos após anos.
            Bom, vou descer e pedalar, mas antes vou encaminhar o texto pra você. Chegou até o final? Fui!!!