terça-feira, 3 de outubro de 2017

Deixe meu filho em paz

          Quem estava ao lado do meu filho quando ele nasceu?
          Quem passou noites de sonos em claro quando ele chorava de cólicas, quem levantava quando ele molhava a frauda, quem providenciava a mamadeira quando sentia fome, quem o embalava nos braços para que pegasse no sono?
          Quem providencia o sustento da minha família e que atende as necessidades básicas do meu filho, quem o matriculou no colégio e acompanha seu desenvolvimento acadêmico? Quem que dá atenção, carinho e conforto a ele?
          Então como agora um estranho quer dizer como devo educá-lo, passar conceitos éticos e morais que vão DE ENCONTRO a tudo que acredito e ensinei e ainda querer convencer que lixo é arte?
          Meu conselho para você que quer invadir meu lar através dos meios de comunicação, panfletagem e passeatas de toda natureza: DEIXE MEU FILHO EM PAZ.
          Quem mora nessa casa sou eu, o chefe dessa família sou eu, quem gerou essa vida que você quer impor seus conceitos depravados sou eu. Saiba que RESPEITO É BOM e eu gosto muito. Aliás, se você não me respeita por não me conhecer, respeite pelo menos a Constituição que no seu art. 205 reconhece que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família”. O art. 227 que reza “Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores”. Na mesma linha caminha o ECA ao prever no art. 22 que “Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores”.
          Mais uma coisa: você que fala tanto em Direitos Humanos, deveria saber que o art, 26, § 3º preconiza que “Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos”.
          Você é da minha família, você representa o Estado? Não! Então DEIXE MEU FILHO EM PAZ, pois da educação dele cuido eu. Simples assim!
(Autor: Carlos Alberto Betinho, um pai que só quer usufruir do direito/dever de ser pai)

          

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

“It - a Coisa” – Spoiler * numa visão cristã


         Um filme que mistura terror, comédia e romance não pode fazer mal a ninguém. Será?
A história é simples: uma criatura maligna que ataca as crianças da cidade. Opa! Já deixou de ser simples, pois trata de uma criatura maligna! Por que mata crianças? Na história de Jesus, vemos o rei Herodes mandando matar todas as crianças menores de dois anos. Por que matar crianças?

Jesus deu um destaque especial às crianças quando os pais levaram seus filhos para que ele impusesse as mãos e orasse por elas. Os discípulos, contudo, os repreendiam para que não importunassem o mestre, mas Jesus pediu que não as impedissem porque das tais era o reino dos céus (Mateus 9:14).

No filme, uma criança segue o barquinho de papel que corria nas águas da chuva. O barquinho cai num bueiro e de lá surge um palhaço que, após conseguir a simpatia do menino, vira um monstro, arranca o braço dele e o mata. O palhaço age como aquele que veio para roubar, matar e destruir (João 10:10).
Mas onde o palhaço mora? No esgoto, numa casa assombrada, num poço misterioso que parece não ter fim. Ele mora num verdadeiro inferno, onde as crianças mortas ficam “vagando”. Isso lembra alguma coisa? Há um momento em que o palhaço diz: “Eu não sou real o suficiente para você?”. Os adultos da cidade nem se ligam pelo fato de tantas crianças desaparecerem. Entretanto, o palhaço rouba a paz dos pais, mata a esperança dos adultos de terem os filhos ao seu lado e destrói a unidade familiar, pois no filme ou aparece um pai ou uma mãe ou não aparece nenhum pela morte declarada dos dois.

Há algo que alimenta o palhaço: o medo das crianças. O que é o medo, senão uma ansiedade irracional, um temor inexplicável ou a falta de fé? A Bíblia fala para não ficarmos ansiosos por coisa alguma (Filipense 4: 6,7), não temermos (Lucas 12:32) e para não perdermos a fé (Hebreus 6:11).
A Coisa pode assumir diversas formas para enganar as pessoas. Numa dessas astutas ciladas, o palhaço dançante, aparecer num programa de televisão, na voz de uma doce apresentadora infantil, incentivando jovens a assassinarem brutalmente seus próprios pais.  Quantos desenhos, filmes, novelas e até propagandas induzem para a prática do mal? Tudo astuta cilada do mal, sobre as quais Efésios 6:11 nos previne para revestir-nos da armadura de Deus para poder combatê-la.
Mortos vivos perseguem os personagens. Até uma criatura sem cabeça corre atrás do menino. Hilário. Mas o que emociona é quando o irmão mais velho começa a ver o mais novo que morreu no início do filme, conversa com ele e diz o quanto sente a falta dele. Por sua vez, o irmão morto diz que quer voltar para casa, faz beicinho e até chora. Espere aí: se o irmão está morto, como quer voltar? Lucas 6:26 diz que há um grande abismo entre os mundos dos vivos e mortos, de modo que um não consegue passar para o outro lado, afinal. Não era o menino. Era o palhaço mais uma vez usando de sua traquinagem.

Os personagens do filme: um gordo, um negro, um judeu, um garoto doente, uma garota abusada sexualmente pelo pai. Um líder de uma gangue que aterroriza os colegas de colégio com bullying, cujo pai policial é exigente e acaba desenvolvendo um instinto assassino no filho. Efésios 6:4 fala para os pais não provocar a ira dos filhos, já o verso “1” diz claramente para os filhos obedecerem no Senhor. Já Provérbio 22: 2 orienta aos pais a educarem seus filhos no caminho do Senhor para que não se desviem dele quando crescerem. O filme mostra uma comunidade omissa na criação dos filhos, tanto é que ninguém se move para descobrir o desaparecimento das crianças.
O filme acaba com um pacto entre as crianças, quando se cortam com um caco de vidro e depois todas se dão as mãos banhadas de sangue. Um bom momento para se falar de saúde e de doenças transmissíveis. Mas é também um momento propício para se falar do pacto que Cristo fez ao dar seu sangue para que todo que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16).
Parece que tudo é fruto da minha imaginação, mas o filme é baseado num livro e olha o que diz sobre o original: “A coisa possui um rival, conhecido como "A Tartaruga", outra entidade superior que criara o Universo em que vivemos, mas que tanto a Coisa quanto a Tartaruga são seres criados por outra entidade maior, conhecida como "O Outro". A Coisa e a Tartaruga são eternos inimigos, já que a primeira é a forma da destruição, enquanto a segunda representa a criação”.
Assisti ao filme com meu filho, pois ele queria ir com os amigos. Até fiz um “terrorzinho” nele no cinema, mas não posso me omitir e revelar a ele e a quem interessar possa minha interpretação da Coisa.
Pode parecer imaginação, mas para mim é real. A Coisa é o Coisa! É o suficiente para você?


* Spoiler é quando alguma fonte de informação, como um site, ou um amigo, revela informações sobre o conteúdo de algum livro, ou filme, sem que a pessoa tenha visto.

sábado, 19 de agosto de 2017

VOU-ME EMBORA PARA PORTUGAL


Vou-me embora Para Portugal
Aqui jaz as palmeiras onde cantavam os sabiás
Lá comerei bolinhos de bacalhau
tomarei o inigualável vinho do Porto


Vou-me embora para Portugal
Chega de propaganda eleitoral
Das notícias do Jornal Nacional
Não quero saber do Temer, do Lula e do Cabral
Cansei das viagens no trânsito infernal


Terei saudades do Corcovado
Da feijoada e do Bar do Luiz
Mas navegarei pelo Tejo
E comerei o verdadeiro pastel de Belém


Se não poderei passear pela Ilha de Paquetá
Contentar-me-ei com as ilhas dos Açores
Quem sabe por lá não encontro amores
Por cá só bala perdida e notícias não boas


Vou-me embora para Portugal
Não consigo mais ir ao Maracanã
Muito menos andar com a camisa do meu time
Nem circular sossegado pelas ruas da Lapa
Impossível pedalar tranquilo pelo calçadão


Vou-me embora para Portugal
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma doçura
Aqui a vida é curta e o dia a dia uma grande loucura.
Por essa, outras e muito mais, estressei
Vou-me embora para Portugal
(Carlos Alberto Betinho)

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Há mães que são pais, há pais que são mães; Há mães que são mães e que precisam também ser pais.

Há pais que partiram, há mães que assumiram; Há mães que são pais no lugar de pais que partiram.

Há pais que são omissos, há mãe que são tudo; Há mãe que são tudo e são pais por existirem pais que são omissos.

Hoje é dia dos pais, mas há mães que são pais, Há mães que são mais do que mães e merecem neste dia um Feliz Dias dos pais!

                                              (De Betinho para todas as mães que são pais)

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Cheque em branco

     Quando um político é eleito, ele recebe da população uma PROCURAÇÃO EM BRANCO para representar a sociedade, pois TODOS não poderiam sentar-se no parlamento.

     Diante de tantas promessas, o cidadão acaba por dar um CHEQUE EM BRANCO para que o político use e fiscalize o dinheiro púbico, pois TODOS contribuem na formação desse montante que será usado em proveito próprio da coletividade.

TODO PODER EMANA DO POVO e em seu nome será exercido, o que deixa claro que o PODER é do POVO, mas o MANDATO é do político que deve agir de acordo com suas convicções, que não difere do mandatário, O POVO.

Mas o que se tem visto é a USURPAÇÃO DO PODER, onde os eleitos agem por conta própria, visando ao interesse privado ou de facções criminosas que se une para retirar o sangue do povo que o elegeu.
     Na esfera federal, os parlamentares disseram que o trabalhador que o elegeu deve trabalhar até morrer, sem que tenha direito à aposentadoria. O presidente está com um processo nas costas que só vai andar quando ele retirar a faixa presidencial. No Estado, o ex governador foi preso por roubo e formação de quadrilha. 

     No município de Duque de Caxias os parlamentares decidiram acabar com direitos conquistados e ainda taxaram mais a contribuição previdenciária.

    Como retirar a representação, o cheque em branco, a procuração com amplos poderes? Nunca mais permitir que os traidores do povo assumam novamente o meu, o seu, o nosso lugar, pois eles não são dignos de nos representar.

  Eles mataram o cidadão, permitindo que hospitais fechassem, calaram alunos ao não darem condições aos professores de exercerem seu santo ofício. Mas agora vamos matar suas carreiras políticas, esquecendo-os e não permitindo que jamais subam numa tribuna para sequer prometerem o que não cumpriram.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

FESTA DA SALSICHA


Recebi nesta semana um alerta sobre a animação FESTA DA SALSICHA. Aparentemente é um desenho com uma história simples e bem bolada:  mostra a vida secreta dos produtos de supermercado.  Ocorre que o trecho do filme que recebi mostra uma verdadeira orgia entre os alimentos.
Sendo uma animação (desenho) atrai crianças e adultos, mas quando se toma conhecimento dos pormenores do filme, vê-se que é carregado de palavrões e cenas de sexo.
Não acreditei e fui pesquisar. Minha surpresa começou quando encontrei que Essa animação não é pra criança. Como assim?
Resolvi assistir à animação e vi que tem apologia à droga, magias, apelo sexual, palavrões, questionamento de religião, dentre outros.
Abaixo coloco o endereço do TRAILER  e também da cena surreal da orgia do desenho, já alertando que não deverá ser aberto perto de crianças ou em local público para evitar constrangimentos.

Trailer que passa no cinema:
https://www.youtube.com/watch?v=FNP0N_QcfFU

Trailer da cena de orgia:
https://www.youtube.com/watch?v=XwddRwJq888&oref=https%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DXwddRwJq888&has_verified=1

Pior é que a animação está disponível no Youtube e também nos canais fechados. Cabe aos pais analisarem o que seus filhos estão assistindo mesmo na televisão e conferir a censura, pois li que vários pais levaram seus filhos ao cinema e ficaram constrangidos ao saberem do conteúdo do filme.

A frase "meter minha salsicha no seu pão" é inocente e dita no filme, mas nem tudo que parece é. Assim é a FESTA DAS SALSICHAS.

sábado, 29 de julho de 2017

Festa no céu





Irmã Lecy vai subindo as escadas do céu e lá ao longe vê uma pessoa entre as nuvens correndo em sua direção. Ela não acostumada com a espessura das nuvens tem dificuldades em reconhecer a pessoa, mas logo identifica a voz alegre que grita seu nome.




- Irmã Lecy, irmã Lecy... seja bem-vinda.
- Quem é você? Meus olhos ainda estão meio embaçados.
- Eu sou o Carlinhos, irmão do Marquinhos.
- Meu filho, como você está? Que prazer!
- Prazer todo meu. 
- Como você está forte e bonito.
- Por aqui tudo é bonito, forte e maravilhoso.
- Sua voz está diferente Carlinhos. O que você fez?
- Eu não fiz nada, mas estou cantando no grande coral. Aliás, é pra lá que a senhora vai, pois gostava muito de cantar.
- Carlinhos, meu filho, onde encontro o irmão João Soares de Andrade? Sempre quis conhece-lo e dar um grande abraço nele.
- Isso é fácil irmã, ele mora numa bela mansão ali à frente e vamos passar por lá daqui a pouco. Vamos andando, pois há muita coisa aqui para a senhora conhecer.
- Quem é aquela pessoa lá na frente? Ela está me parecendo a irmã Baratinha!
- Aqui no céu não temos apelido irmã Lecy. Aquela é a irmã Adelmaria!!!
- E aquele pessoal que vem cantando alegremente com voz angelical?
- Aqueles são os inseparáveis vizinhos José Lopes, Izias, Ritinha, Josefina e Maria Almira. E mais á frente TANTOS outros.
Todos se encontraram, abraçaram-se e saíram cantando hino adaptado do Cantor Cristão:
“Céu Lindo céu, céu lindo céu
Há mansões celestiais todas feitas por Deus
Céu Lindo céu, céu, lindo céu
ESTOU NO céu, lindo céu,
Com Cristo ESTOU MORANDO NO lindo céu"

O MENDIGO FOLGADO

Mal cheguei à Rodoviária de Cabo Frio e um senhor com várias bolsas e sacolas ocupando quase todo o banco, olhou para mim e perguntou: - O senhor é evangélico?
Eu prontamente respondi: “- sou”! Ele disse que eu parecia um pastor ou diácono ou um presbítero. E aí continuou: “Eu não quero incomodar, mas o senhor poderia me dar um dinheirinho para comprar um prato de comida?”.Disse a ele que não podia dar dinheiro, mas se ele quisesse eu poderia pagar um lanche. Ele na maior desfaçatez falou: “- Atravessando a rua tem uma restaurante que vende quentinha e tem carne, peixe ou frango. O senhor vai lá e compra pra mim”.
Eu falei que meu ônibus sairia dentro de sete minutos e que não poderia ir, mas que compraria um lanche pra ele. Não muito conformado, ele retrucou: “Então o senhor compra dois salgados e um refrigerante, mas o salgado tem que ter recheio de carne”.
Eu já achando o cara exigente, fui na lanchonete em frente. Mas só podia comprar com cartão, pois o banco 24h que fui não estava sacando. Como naquela não aceitava cartão, fui em outra. Comprei e pedi para o atendente escrever num guardanapo para que o pedinte pegasse.
Ao retornar, dei o vale lanche para ele, que imediatamente pediu que eu voltasse e pegasse o lanche. Eu disse que era para ele ir e escolher o salgado. Concordou, mas deixou uma orientação: “- tome conta das minhas coisas”.
Ao chegar, ele tirou dentro da bolsa um saco de banana que estava amassada. Pediu para eu ir na loja em frente e pedir uma sacola para ele proteger as bananas.
Ao chegar com a sacola, ele pediu para eu ajudar a colocar várias sacolas dentro da sacola que consegui. Já estava por aqui com o cara, mas cheio de vontade de falar umas palavras de incentivo, quiçá, motivadoras... 
Antes que eu formulasse, ele disse que iria para o Rio no ônibus das 20:30h e que deveria chegar ao Rio às 23:40h. Aí perguntou: “- Quantos minutos vão faltar para meia noite se eu chegar às 11:40h?”. Respondi e nesse momento chegou meu ônibus. 
Após muito agradecer, apertar minha mão e desejar todas as bênçãos possíveis, desejei o mesmo para ele. Dei alguns passos e ele gritou: “- quando o senhor voltar, traz uma bolsa pra mim, pois no Rio é baratinho. Não posso andar com um monte de sacolas no ônibus”.
Acenei para ele e dei mais três passos e ele gritou: “– Irmão, irmão...”. Olhei pra traz instintivamente e ele continuou: “A bolsa pode ser preta”. Dei tchau pra ele e corri para o ônibus.
Não consegui dialogar com o cara, mas acredito que ele tem uma boa técnica de pedir e envolver as pessoas. Tá bom... o cara me enrolou mesmo. Nem sei se posso falar que era um mendigo, pois parecia um morador de rua que voltava de vez em quando para casa.
Não sei como fazer para encontrá-lo, mas sei que se um dia esbarrar com ele, vai cobrar a bolsa preta e barata que tem no Rio, para onde ele viajaria e chegaria à meia noite.

A morte do Cantor Cristão


Queira Deus que esteja errado, mas há uma morte anunciada: a do Cantor Cristão. Não, não é uma pessoa, é o hinário da Igreja Batista do Brasil. 

Não faço a afirmação levando em consideração seu surgimento em 1891, mas uma simples constatação: muitas igrejas já o abandonaram e as que insistem em tê-lo na sua ordem de culto, não usa nem 10% dos seus 571 hinos.

Mesmo não sendo especialista em música, percebo claramente que a maioria dos regentes não conhecem a linha melódica dos hinos, deixando de fazer as tradicionais subidas, descidas, desobedecendo tempos, comprometendo a pulsação da música.

As gerações atuais não conhecem e nem tem interesse em aprender a música sacra, buscando ritmos e letras cada vez mais “contemporâneo”, deixando no esquecimento todo o tesouro musical que caracteriza a denominação.

Talvez o funeral do Cantor Cristão se dê exatamente ao final da minha geração, pois nem mesmos os meu contemporâneos dominam esse insigne hinário, desprezando parte da própria denominação, quiçá do histórico dos protestantes no Brasil.

Prova de que o Cantor Cristão está ficando para trás foi a tentativa de dar uma roupagem mais moderna à música congregacional com a criação do Hinário para o Culto Cristão. 

Mas a trancos e barrancos o Cantor Cristão vai sobrevivendo, sendo esquecidos diversos dos seus belos hinos. É uma pena, pois some com ele um pouco da história, um pouco da reverência musical, abrindo as portas para o novo, para o gospel, para o subjetivismo, onde qualquer murmúrio, grito ou risada é uma expressão de louvor.



sexta-feira, 28 de abril de 2017

A REFORMA TRABALHISTA ENTRE A BICHARADA


            O tigre convocou uma reunião urgente para discutir a reforma trabalhista na floresta. Nomeou o Sr. Veado para dirigir a sessão, sendo secretariado por D. Galinha!
            O primeiro a chegar ao pedaço foi o macaco, dizendo que aquilo era um grande golpe contra os trabalhadores.
            O veado leu a ordem do dia e pediu para que a comissão de constituição e injustiça desse o parecer. Antes que o relator, Sr. Anta, pudesse se pronunciar, o macaco  começou a protestar fazendo a maior algazarra
            O camundongo também protestou inconformado com a ideia de ter que negociar com o gavião, dizendo que qualquer acordo deixaria seus filhotes em perigo.
            O galo falou que se reduzisse o horário de refeição e aumentasse a jornada de trabalho, não teria forças para acordar tão cedo e ser o despertador da floresta. Todos os pássaros se manifestaram favoravelmente, dizendo que seguiam o horário do galo e retransmitiam suas mensagens através de seus cantos.
            A serpente representando a parte patronal disse que daqui para frente a relação entre a bicharada seria perfeita, pois PREVALECERIA O NEGOCIADO SOBRE O LEGISLADO, ou seja, a ordem natural das coisas seria quebrada, mas o que valeria era o que cada um acordasse, combiansse.
            O morcego protestou porque tem horário certo para dormir e com a reforma teria que fazer horas extras, o que mexeria com sua saúde, sem que houvesse ganho no salário, porque ouviu falar que as horas seriam jogadas para um tal de banco de horas.
            A serpente amenizou dizendo que por outro lado, ele teria dias de folgas e que poderia passear durante o dia e aproveitar a luz e o calor do sol.
            Mais irritada estava a tartaruga, pois não havia meio de transporte público entre sua residência e o local de trabalho de difícil acesso. Levava meia hora para chegar ao ponto de encontro onde passava a condução da empresa. Ficava mais três horas dentro do ônibus oferecido pela empresa para levar à represa onde trabalhava com os castores. Com a reforma, o Sr. Lobo não precisaria mais pagar o tempo de deslocamento, ou seja, as três horas em que fica à disposição do empregador Lobo Bad.
            Inconformados com a reunião, as formigas lideradas pelas saúvas convenceram as abelhas, as minhocas e outras representações coletivas de pararem suas atividades. Os urubus falaram que não mais recolheriam o lixo. De repente entra o leão e falou que a reunião estava terminada e quem não aceitasse as condições que procurasse a justiça representada pela coruja Moura ou que recorressem ao Supremo Tribunal Animalesco.
            A coruja despertando do sono informou que diante da mudança da Constituição não há inconstitucionalidade.
            Os animais saíram tristes e desesperançosos sabendo que o que era ruim podia piorar, pois a reboque vinha a reforma previdenciária.
Pior levou a Preguiça que sempre disse que não estava nem aí para política, representação de classe. Com a algazarra da bicharada, caiu do galho, quebrou a clavícula e foi levada para O HOSPITAU. Continua numa maca esperando atendimento.
O escorpião defendeu tudo com garras ambas as reformas, mas isso já se esperava, pois está na sua essência a maldade!
Vida que segue!


sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

A Senhora Mistério do bar da Lapa


         Eu fui garçom de um bar e já vi de tudo. Desde bêbados que bebem para esquecer que são bêbados, a homens desiludidos com o amor e que querem afogar suas mágoas num copo de bebida.   Mas nunca vou esquecer-me de Valquíria.
         Antes de falar de Valquíria, faz-se necessário falar do bar onde a memória encontra a Senhora Mistério. Depois eu explico o porquê desse título. O bar em questão está situado numa das regiões mais boêmias do Rio de Janeiro, a Lapa. Com a decoração inspirada no Rio Antigo, serve deliciosos petiscos e sanduíches e possui um belo espaço dedicado só para a música.
         Geralmente comparecem ao bar casais que sentam para uma boa conversa ou que procuram espaço para dançarem. Dificilmente uma pessoa entra sozinha e não sai acompanhada, exceto Valquíria, mulher jovem, bonita, corpo perfeito, discreta e muito educada.  Aparenta pertencer à classe média alta, mas a verdade é que no bar todos são iguais, salvo Valquíria, com seu ar imponente e presença marcante.
         Pois bem! Valquíria era figura certa às sextas-feiras. Chegava, sentava, pedia água mineral com gás e ficava mexendo em seu celular. Não chamava ninguém para dançar, recusava os convites para bailar e passava parte da noite bebendo sua água e consultando seu celular.
         Certo dia, morrendo de curiosidade, fui atendê-la e antes que ela falasse que queria o de sempre, ousei perguntar se ela esperava alguém. Educadamente, ela respondeu que aguardava uma pessoa. Indaguei-a se era a mesma pessoa que esperava nas noites anteriores. Sem se importar com minha invasão de privacidade, respondeu que sim.
         Fui pegar a água intrigado com aquela declaração, pois ela nunca se encontrou com alguém. Nem podia imaginar que por descuido não vira o companheiro dela, pois não somente eu, mas todos já perceberam que a Senhora Mistério entra e sai sozinha, daí o apelido bem apropriado e que aguça a curiosidade de todos.
         Quando voltei com a água, quebrei a norma de ser o mais discreto possível, regra de todos que trabalham com público, e novamente perguntei se ela tinha certeza que marcou no local certo o encontro, pois ela sempre saia do bar sozinha. Aí é que me surpreendi com a resposta dela, pois disse que sabia que a pessoa não compareceria, mas que ela não queria perder a magia do primeiro encontro e que essa força a fazia enfrentar a realidade do dia a dia.
         Falei que não compreendia como uma pessoa pode esperar alguém que sabe que não virá e como isso pode dar força para enfrentar a realidade. Ela simplesmente me explicou que foi naquele bar que encontrou o amor da vida dela e que foi muito feliz com ele. Certo dia, marcaram de se encontrar após o trabalho no local e no horário do primeiro encontro.
         Com ar melancólico, continuou explicando que um acidente fatal fez com que aquele encontro não acontecesse e desde então ela comparece ao local e imagina cada dia como seria o reencontro e o que tanto queria dizer a ele.
         Você acha que espiritualmente ele está aqui? Quis eu saber não mais como um simples garçom indiscreto, mas como uma pessoa sem noção e intrometida. Não, respondeu ela sem nenhum abalo emocional. Eu venho porque aqui fui feliz e quero manter a chama da felicidade dentro de mim. Nunca falei isso para ninguém porque também ninguém se interessou em perguntar.
         Agora que pude revelar meu segredo, vou beber uma bebida estupidamente gelada, disse ela não mais com a feição retraída. Animado perguntei se queria Bhrama ou Antártica. Ela sorridente disse: uma água mineral com gás.

         Depois disso, ela desapareceu e só a vi meses mais tarde numa praça, quando rimos bastantes dos nossos encontros e desencontros.  Sem mistério, Valquíria deixou de sonhar o que viveu e passou a viver o que sonhou. Minhas memórias passaram a ser dela e juntos formamos um casal feliz, com filhos e algumas memorias de um bar.