sábado, 6 de agosto de 2022

Pastor pode ser cabo eleitoral?

 


           Preliminarmente, o que é um cabo eleitoral? É a pessoa encarregada de conseguir votos para determinado partido ou candidato específico. Ele pode “trabalhar” de graça ou receber pelos serviços prestados. Pode fazer por acreditar no projeto partidário ou no programa do candidato ou até mesmo por interesses escusos, objetivando vantagens pessoais ou alheias, como exercício de cargo comissionado ou a possibilidade de indicar alguém para determinado órgão.

Na direção de fazer uma construção razoável, vale a pena dizer que o título deste arrazoado seria mais preciso se se referisse a Ministro de Confissão Religiosa, aí englobando não somente os pastores, mas padres, rabinos, sacerdotes, obreiros, cooperadores, presbíteros, anciãos, coroinhas, dentre outros.

Partindo do pressuposto que o ministro de confissão religiosa é um cidadão e como indivíduo possui o direito de expressar seu interesse político, assim como tentar arregimentar votos para seu candidato, louvável esse proceder.

Todavia, extrapola da competência do ministro de confissão emprestar sua imagem de religioso para servir de cabo eleitoral. Assim como não me parece crível cantor gospel usar dos espaços eclesiásticos para promover a si ou a outrem. Pior ainda se esses mesmos influenciadores evangélicos fazem do seus espaços um curral eleitoral.

Na época de Jesus havia vários partidos políticos e seitas, como os saduceus, fariseus, essênios, zelotes e herodianos. Quando Jesus usou de seu poder e influência para ser cabo eleitoral de qualquer partido? Defender a justiça, o uso honesto do dinheiro público, os ideais cristãos é uma coisa, mas trocar o ofício de ministro pelo de cabo, é algo que deve ser repensado.

Certamente vários versículos isolados surgirão para combater esse posicionamento, mas não devemos nos enganar. Há vários líderes descaracterizando seus ministérios, preocupando-se com candidatos ou promessas deles e o rebanho está largado à míngua.

Alertar o povo sobre a importância do momento político, sobre a responsabilidade de preservar nossa identidade como cristãos, bem como defender com afinco os valores sociais que acreditamos é  missão de todos, inclusive dos ministros de confissão religiosa.

Concluo afirmando: o cidadão pode ter compromisso com partidos e candidatos, mas os pastores e demais líderes possuem compromisso, antes de tudo, com Deus e seu rebanho.

Que o justo governe, que o justo ministre!