sexta-feira, 10 de abril de 2015

Conflito em espaço eclesiástico - pequena consideração



         Sendo o homem um ser social, natural haver conflito entre as pessoas, entendendo este como oposição de interesses, sentimentos e ideias.
         No início da criação podemos verificar um conflito por ter a criatura desobedecido as ordens do Criador. Como consequência desse conflito, o homem é expulso do Jardim do Éder. A partir daí vários conflitos advieram como os ocorridos entre Caim e Abel, Jacó e Esaú, Davi e Golias...
         No decorrer da história, vemos os mais variados conflitos entre pessoas, grupos, países, confirmando que o impasse está presente em todas as relações quer sejam individuais ou coletivas.
No espaço eclesiástico não é diferente, sendo normal a possibilidade do conflito, pelo simples fato de serem formados por pessoas, cada qual com suas particularidades, dificuldades, cultura e perspectiva diferente.
Apesar de o Estado ter avocado para si a responsabilidade da jurisdição, ou seja, resolver parte dos conflitos existente no seio social, ainda há espaço para outras modalidades de solução dos conflitos, como a mediação, a arbitragem e outros.
No espaço eclesiástico, a possibilidade de acionar um outro irmão deveria ser desconsiderada, todavia, caso tenha de ocorrer, deverá ser a última das opções. O apóstolo Paulo nos orienta a esse respeito em I Coríntios 6.5, quando questiona “Não há, porventura, nem ao menos um sábio entre vós, que possa julgar uma contenda entre irmãos?  Contudo, ao invés disso, um irmão recorre ao tribunal contra outro irmão e apresenta tudo isso diante de incrédulos?”.
O meio mais usado para a solução de conflitos é o ajuizamento de ação judicial, mas quando se trata de espaço eclesiástico, o sábio que o apóstolo Paulo se refere é um mediador. Este é uma pessoa que ouvirá as partes, procurando aproximá-las, pois muitas das vezes o problema se desenvolve por ruídos que dificultam a comunicação.
Entretanto, caso a simples aproximação das partes para uma conversa no afã de resolverem os “conflitos desse mundo” não ocorra, há a possibilidade de solução através da arbitragem, quando as partes escolherão o árbitro de confiança mútua.
As partes poderão ainda escolher livremente as regras de direito, podendo optar que a decisão arbitral seja baseada no direito ou na equidade, bem como convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais do direito, nos usos, nos costumes e até nas regras internacionais.
Já que é inevitável haver contendas, porfias, dissensões, há (sem adentrar na questão puramente espiritual) meios à disposição para solução, desde que existam sábios entre o povo cristão, que dominem técnicas para solução dos indesejáveis conflitos que surgem em qualquer espaço, quer seja eclesiástico ou não. Ao contrário, já seria “uma grande derrota, uma grande vergonha “ a exposição de questões domésticas, que não deveria haver entre os separados, entre os santos de Deus.
Se o conflito é inevitável, a solução com sabedoria é necessária.

Carlos Alberto de Oliveira


quarta-feira, 8 de abril de 2015

A terapia de cozinhar



            Cozinhar é uma arte e, para mim que sempre fui afoito, é uma arte que exige paciência, planejamento, bom senso e sensibilidade.
            Antes eu pensava que cozinhar era pegar qualquer ingrediente, jogar na panela, acender o fogo e tirar logo em seguida. Talvez seja por isso que achava que a comida da minha mãe demorava tanto.
            Hoje tenho a plena convicção que cozinhar é antes de tudo uma terapia que exige equilíbrio, emoção e razão. Se tudo tem seu tempo na face da terra, o preparo da alimentação confirma isso: há tempo de plantar, colher, temperar, cozinhar e comer.
            Posso tomar como exemplo, cito a canjica que estava com vontade de comer. Tive que ver os ingredientes na receita e comprá-los - fase do planejamento. Logo depois deixar os grão de molho de um dia para o outro, quebrar o coco, tirar o miolo e ainda ralá-lo. Haja paciência! Talvez foi pela falta dela que cortei levemente o dedo.
            O tempo todo tive que monitorar a altura do fogo, a consistência do alimento e ainda usar o bom senso com os temperos. Nesse processo aprendi melhor o uso da panela de pressão, pois o legal de tudo é a aprendizagem que há em cada preparo.
            A todo o momento tinha de usar a sensibilidade para saber se precisava acrescentar mais algum tempero ou até mesmo retirar para que um sabor não ocultasse o outro. Adoro o cheiro e o gosto da canela e do cravo, mas a permanência por muito tempo da canela pode dar uma cor mais escura do que a desejada.
            O fato é que quando se cozinha parece que o mundo gira em outra rotação, pois assim como é preciso usar o fogo baixo para se conseguir o ponto do cozimento, as coisas só ocorrem quando estão “maduras” e se acontecerem antes, não ficará como deveria ter ficado... ficarão insossas, cruas ou queimadas. Então, não adianta empurrar o mundo... deixe que gire naturalmente.

            Há tempo para todo o propósito debaixo do céu e a arte de cozinhar confirma isso. No mais, vamos saborear os pratos e degustar a vida.