Cozinhar é uma arte e, para mim que sempre fui afoito, é
uma arte que exige paciência, planejamento, bom senso e sensibilidade.
Antes eu pensava que cozinhar era pegar qualquer
ingrediente, jogar na panela, acender o fogo e tirar logo em seguida. Talvez
seja por isso que achava que a comida da minha mãe demorava tanto.
Hoje tenho a plena convicção que cozinhar é antes de tudo
uma terapia que exige equilíbrio, emoção e razão. Se tudo tem seu tempo na face
da terra, o preparo da alimentação confirma isso: há tempo de plantar, colher,
temperar, cozinhar e comer.
Posso tomar como exemplo, cito a canjica que estava com
vontade de comer. Tive que ver os ingredientes na receita e comprá-los - fase
do planejamento. Logo depois deixar os grão de molho de um dia para o outro,
quebrar o coco, tirar o miolo e ainda ralá-lo. Haja paciência! Talvez foi pela
falta dela que cortei levemente o dedo.
O tempo todo tive que monitorar a altura do fogo, a
consistência do alimento e ainda usar o bom senso com os temperos. Nesse
processo aprendi melhor o uso da panela de pressão, pois o legal de tudo é a
aprendizagem que há em cada preparo.
A todo o momento tinha de usar a sensibilidade para saber
se precisava acrescentar mais algum tempero ou até mesmo retirar para que um
sabor não ocultasse o outro. Adoro o cheiro e o gosto da canela e do cravo, mas
a permanência por muito tempo da canela pode dar uma cor mais escura do que a
desejada.
O fato é que quando se cozinha parece que o mundo gira em
outra rotação, pois assim como é preciso usar o fogo baixo para se conseguir o
ponto do cozimento, as coisas só ocorrem quando estão “maduras” e se acontecerem
antes, não ficará como deveria ter ficado... ficarão insossas, cruas ou
queimadas. Então, não adianta empurrar o mundo... deixe que gire naturalmente.
Há tempo para todo o propósito debaixo do céu e a arte de
cozinhar confirma isso. No mais, vamos saborear os pratos e degustar a vida.
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