segunda-feira, 30 de junho de 2014

Essa tal democracia batista

Essa tal democracia batista


       Nada mais democrático do que ouvir e ser ouvido, inclusive na igreja. Viva a democracia batista.
            Essa tal democracia batista permite votar e ser votado; propor, apoiar, pedir réplica, tréplica e registrar o único voto contrário; possibilita discordar no campo das ideias, solicitar "pela ordem", aprovar/rejeitar relatórios, pareceres, criar comissões, participar das mesmas como vogal, relator ou convidado, no afã de que a transparência continue sendo a marca indelével da doutrina batista.
            Essa tal democracia batista proporciona uma agenda lotada com reuniões, sessões, pesquisa de preços, montagem de calendário, planejamento coletivo, assembleias, convenções, congressos, retiros, cursos, encontros, passeatas, torneios, gincanas, ensaios, tudo com o desejo de que a participação coletiva seja indubitavelmente evidenciada.
            Essa tal democracia batista nos leva a seguir leis, estatutos, regimentos, ordem de serviço, normas de função e ainda controlar a água, o telefone, a energia, o combustível, o material de consumo... as despesas variáveis precisam seguir estritamente a previsão orçamentária e os gastos imprevistos são cobertos pela Reserva de Contingência.
            Como eu amo essa tal democracia batista quando vejo que o peso do voto de um ancião tem o mesmo peso do voto de uma criança, cuja participação é garantida, salvo limitações legais e estatutárias; como eu admiro saber que a decisão unilateral é a exceção e precisa ser ratificada pela coletividade.
            Como eu vibro com essa tal democracia batista em que cada igreja é ligada a associações, mas cada unidade tem toda autonomia para tomar suas próprias decisões, usar os próprios recursos e ainda contribuir pela causa comum, quer seja a nível local, regional, estadual e até mundial.
            Porém, como eu temo essa tal democracia batista que emperra nos quóruns, na possibilidade da liberdade de manifestação individual não pensada, na ausência de compromisso de parte que deixa na mão da outra parte decidir pelo todo e que não age como corpo, ainda que exija ser tratado como tal.
            Ah, como eu gostaria que essa democracia batista sempre fosse invocada no interesse do reino e que não desse brecha para quebrar a harmonia e a unidade, marca da igreja primitiva que tinha tudo em comum, com ausência de necessitados e conquista da graça e confiança dos que a cercava.
         Essa tal democracia batista certamente não salva, mas com certeza nos permite transitar com transparência e reforçar os pilares pelos quais nos consideramos irmãos, filhos do mesmo pai, com os mesmos direitos, com os mesmos deveres, com o mesmo objetivo, com o mesmo ideal.

              Salve Deus essa tão desejada, propagada e real democracia batista.

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