quarta-feira, 30 de julho de 2014

Vendem-se votos para político - a crônica


            Antes que me condenem: é melhor vender voto do que roubar. Eu não sou ladrão, nunca matei, nunca roubei, nunca fiz nenhuma parada errada. Eu só quero ganhar uma graninha extra. É melhor pedir do que roubar.
            Percebi que em época de eleição, vários políticos se vendem, se trocam e se prostituem. Soube de um que vendeu a possibilidade de disputar o pleito para facilitar um terceiro, outro que vendeu o voto para aprovar projeto do executivo e outro que vendeu a própria mãe em troca de um negócio escuso.
            Talvez a onda seja vender... pode ser também comprar. Não dá pra esquecer a compra de uma refinaria que não valia nada por preço absurdo... mas até aí alguém se vendeu.
            Dizem que alguns políticos compram votos no dia da eleição e pagam uma grana. Todos sabem disse até os da toga. Assim sendo, nada melhor do que fazer a coisa honestamente: Convido amigos e parentes para me emprestarem seus votos, faço um belo comercial no horário nobre, vendo-os, dou recibo, faço retenção na fonte, declaro-os ao Imposto de Renda e ainda consigo devolução de Imposto Retido na Fonte.
            Alguém poderá dizer que não terei como devolver os votos pegos emprestados. Bobagem, pois eles seriam jogados fora mesmo em troca de favores, afagos e promessas. Se doados para mim, pelo menos faço bom uso deles, ajudando com a distribuição da renda.
            Sei que muitos políticos procurarão meu empreendimento, pois em vez de gastarem duas vezes com aliciadores e com o eleitor e com (...), comprarão diretamente da minha mão, porque o serviço terceirizado é mais prático, possibilitando ao político atuar na sua atividade fim: investir em conquistar mais votos.
            Tem tudo pra dar certo: o político ganha mais dinheiro e investe em comprar mais votos. Eu, com a possibilidade de abrir novas filiais, consigo mais transacionadores e vendo mais votos. Serei uma fonte de fazer girar o dinheiro na economia, propiciar alegria a eleitores descrentes, políticos sem escrúpulos, amigos necessitados e familiares enganados. Todos ganham.
            Por fim, caso dê desconto na venda de votos a algum político em especial, pode ser que ele dê uma gorjeta gorda e me arrume uma chefia no gabinete, um cargo discreto ou até mesmo uma posição de fantasma, que só aparece no dia do pagamento da folha. Pensando bem, para que não diga que estou ganhando sem esforço próprio, aceito abrir uma empresa, participar daquelas licitações marcadas e prestar algum serviço ou fornecer alguma mercadoria para o Poder Público.
            Se tem uma coisa que a nossa constituição protege é a livre concorrência de mercado. Vender não é um negócio? Então deixa vender minha mercadoria, pois só cresce quem trabalha duro, sua a camisa e tem boas ideias. Viva a democracia!

Carlos Alberto de Oliveira     


           


            

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