Fazendo compras num hortifrutigranjeiro, deparei- me com uma
fruta da minha infância: carambola. Olhei para bandeja e não acreditei que
aquela fruta que caia no meu quintal e que nem dávamos tanta importância estava
ali para ser vendida, tal o desprezo que dávamos a ela.
Lembro-me que comíamos carambola, bebíamos seu suco e ainda
deliciávamos com seu doce. Quantas vezes fizemos guerra da fruta e ao final
juntávamos aquele monte de lixo e jogávamos fora.
Pois bem, resolvi comprar as carambolas para ver se ainda lembrava
o gosto delas e para voltar um pouco ao passado.
Em casa, guardei as frutas e não dei a atenção para as
carambolas. Mais tarde, resolvi fazer um suco e abri a bandeja da fruta da infância.
Qual a surpresa ao ser envolvido por aquele aroma maravilhoso que me remeteu imediatamente ao
início da minha adolescência.
O cheiro mágico da carambola me fez recordar as
travessuras, as brincadeiras, as pessoas a quem tanto amei e que muito me amaram e de como foi boa a minha infância e minha adolescência.
Mas a surpresa maior estava por vir, quando não resisti e
mordi a fruta. Parece que todo o gosto de infância veio na minha boca:
lembrei-me de frutas que nunca mais consumi como abil, amora, jambo, araçá,
amêndoa, jamelão, cana caiana, jaca
manteiga e tantas outras que marcaram uma época de ouro e que lembro com muita
saudade (confesso que muitas delas foram objeto de apropriação indevida,
invadindo terrenos, pulando cerca, levando corrida de cachorro - coisas
inocentes de criança sem maldade que quer
somente se divertir).
Eu queria muito eternizar aquele momento mágico de
redescoberta e resolvi fazer suco da fruta. Que delícia! Não tinha como não comprar
mais carambolas para experimentar a geleia e reviver momentos tão doces,
momentos tão presentes que ficaram num passado relativamente distante.
A vida nos reserva muitas surpresas, mas a que foi reservada
com uma simples degustação de uma fruta não tem preço, afinal não se comercializa
gosto e sabores da infância.
Carlos
Alberto
25
de março de 2015
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