Prezados
colegas, amigos, líderes religiosos, parentes e todos com quem mantenho contato,
tenho uma declaração bombástica: parei de beber!
Minha
decisão tem um pouco mais de duas semanas. Depois de tantos anos bebendo,
decidi que era hora de mudar, de partir para outra, ainda que isso pudesse
trazer alguma consequência para o organismo há tanto tempo
"acostumado" com a bebida. Confesso que tive crise de abstinência,
mas não podia continuar nessa situação de total dependência.
Para
continuar com a confissão, eu acho que já nasci bebendo, pois nada me dava mais
prazer do encher o copo e me entregar ao vício.
Mas
as consequências desse ato impensado de permanecer tanto tempo refém da bebida
sinto hoje na pele, no corpo em geral e, principalmente, na mente.
Sempre
ouvi que não se deve experimentar e aceitar o primeiro fole, pois todo viciado
começa da forma inocente e achando que nunca será dominado por qualquer coisa e
que pode parar a qualquer tempo, afirmando que a única razão da permanência é a
vontade. Afirma-se: quando eu quiser, eu paro. Ledo engano. Começar e fácil,
mas parar é um caminho longo e, às vezes, sem volta.
Tudo
começou tão logo eu nasci quando me foi oferecido o primeiro gole de leite
materno. Que delícia! Logo após veio o leite em pó, o leite de vaca. Mas não
ficou aí. Com a necessidade de algo mais emocionante, acrescentou-se o
chocolate. A vontade era tão grande de consumir leite com chocolate, que
pensei: se os deuses tem uma bebida, essa é o leite achocolatado.
Mas
quem tem o vício, sempre procura algo mais forte. Foi quando descobri a magia
do café com leite. Depois disso o mundo nunca mais foi o mesmo, pois a lei do
café com leite, a política do café com leite e a vontade inexplicável do leite
com café tomaram conta da minha existência.
Passei
a vida toda consumindo leite: leite com soda cáustica, leite com formol, leite
com água oxigenada. O vício era tamanho que comecei a consumir leite com água,
depois veio o leite com farinha e, pasmem, cheguei a tomar leite com urina
bovina e o extremo de aceitar leite com fezes... isso... cocô mesmo (coliformes fecais).
Com
o café a coisa era mais sutil, pois ele tira meu sono. Todavia a combinação dos
dois vícios me seduzia a ponto de consumir escondido à noite, contrariando
orientação médica que não dizia não ser a bebida apropriada à noite.
Mas
hoje, por vontade própria, libertei-me do aguilhão chamado café com leite.
Consigo
acordar sem pensar no café com leite, já almoço sem a preocupação do cafezinho
para degustar e durmo sem me embriagar do leite morno.
Sinto-me
outra pessoa e para brindar minha liberdade, tenho à mão uma xícara de chá de
hibisco com sua cor generosa e sabor desafiador.
Aos
meus amigos, em especial minhas queridas Lia e Cisa: não me tentem com convite
para um papo numa cafeteria. Como em nosso encontro rola um papo bem agradável,
proponho que da próxima vez nos encontremos numa hibiscaria. Na
impossibilidade, que desça um capuchino, porque nem só de café com leite viverá
o homem.
Tintim!!
(Carlos Alberto)
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